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02/03/2011 - 09h50

Onda de divórcios na China preocupa "geração Y"

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DA EFE, EM PEQUIM (CHINA)

O grande aumento do número de divórcios na China, especialmente entre a "geração Y" (os nascidos após 1980) é um problema que preocupa cada vez mais os especialistas chineses, pois, segundo eles, reflete a instabilidade social que o crescimento econômico e a modernização criaram.

"Os pais consentiram muito com a geração Y, eles se acostumaram a ter tudo e depois, quando se casam, não se toleram", explica Duan, advogado e especialista em assuntos conjugais de Pequim.

Em 2010, segundo dados oficiais, um em cada cinco casamentos na China terminou em divórcio --dobro do índice registrado há dez anos.

Os chamados "casamentos relâmpago" marcam uma geração de filhos únicos "envaidecidos", segundo Duan, que em 2010 contribuíram para elevar o número de divorciados a 1,96 milhão de pessoas, superando o dos que se casaram no mesmo ano, que foi de apenas 1,2 milhão de pessoas.

Mas além do impacto que os membros da "geração Y" causaram na taxa de divórcio, é preciso acrescentar a mudança de mentalidade da sociedade chinesa. A China, uma sociedade historicamente patriarcal, abriu caminho nos últimos anos à emancipação da mulher e à aceitação do divórcio.

"Outro problema que causa o fim dos casamentos é o aumento da infertilidade nas mulheres e os problemas sexuais que surgem nos casais por imaturidade", alega Ma Xiaonian, especialista em Sexologia.

Segundo Ma, a falta de maturidade e a desinformação sobre o tema faz com que, em muitos casos, haja confusão entre problemas sexuais, passíveis de serem solucionados, com emocionais, e se opte pelo divórcio.

Para o especialista, a mentalidade chinesa em relação ao sexo já não é tão tradicional, mas ainda carece de formação educativa que poderia evitar muitos casos de divórcio no gigante asiático.

Além dos problemas sexuais, a mudança de mentalidade e os efeitos da "geração Y", o aumento do número de divorciados é marcado pelas facilidades burocráticas que o governo chinês introduziu em 2003 e que permitem que os casais se divorciem em apenas um dia de trâmites.

Neste ano, a taxa de divórcio cresceu 5,1% em comparação ao ano anterior, e o número de casais divorciados chegou a 1,33 milhão, 154 mil a mais do que em 2002.

As novas regulações acabaram com situações absurdas, como inventar a morte de um dos membros do casal para simplificar os trâmites e evitar que longos processos causem a "humilhação social" dos divorciados diante de suas famílias e amigos, na época em que estas separações eram mal vistas.

"Hoje os cidadãos contam com duas vias de divórcio: o registro civil, se ambas as partes estão de acordo, e os julgamentos, em caso de que alguma das partes não queira terminar o casamento ou quando surge alguma outra desavença", explica Duan.

Após a implantação das novas regras, as pessoas passaram a se mostrar mais dispostas a ir ao departamento de assuntos civis e encerrar em bons termos seus casamentos.

No entanto, as facilidades multiplicaram os casos de divórcio de "casamentos relâmpago" e as histórias de chineses que se casam em um dia, se divorciam no outro e voltam a se casar no terceiro.

Por outro lado, comenta Duan, muitas mulheres "se tornaram mais independentes e não estão interessadas em se casar", quando há apenas alguns anos, o casamento era o máximo objetivo de muitas delas, uma prova das enormes transformações que o desenvolvimento econômico está causando na sociedade chinesa.

 

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