Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/03/2011 - 22h22

Berlusconi gastou 34 milhões de euros em presentes caros

Publicidade

DA FRANCE PRESSE, EM ROMA
DE SÃO PAULO

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, gastou em 2010 cerca de 34 milhões de euros em joias, antiguidades e principalmente presentes para meninas, as chamadas "papi girls", indicou nesta quarta-feira o jornal "Il Corriere della Sera".

O político magnata de 74 anos desembolsou 120 mil euros para comprar gravatas, cachecois e outros acessórios da renomada grife napolitana Marinella.

Também comprou 65 mil euros em joias, segundo o resumo de gastos divulgado dentro da investigação judicial aberta contra ele por sua suposta relação com uma prostituta menor de idade, o que na Itália constitui delito.

O magnata das comunicações alugou por 675 mil euros um castelo perto de Portofino e pagou 900 mil euros para gastos de luz de sua mansão na ilha caribenha de Antigua.

Outros 650 mil euros foram pagos a antiquários e galerias de arte.

A investigação denominada "Ruby Rouba-corações", como é conhecida a jovem marroquina Karina El Mahrough, com quem o primeiro-ministro teria se relacionado, indica que Berlusconi costumava presentear as moças de sua preferência com inúmeros objetos de grande valor.

Segundo o jornal, Berlusconi gastou 562 mil euros com 14 "papi girls", a maioria prostitutas de luxo e atrizes de tv que convidava para suas festas privadas em sua residência de Milão, Villa Arcore.

Uma delas, Angela Sozio, imortalizada em várias fotos espalhadas por sua casa de veraneio da Sardenha, recebeu em uma única ocasião 100 mil euros.

Berlusconi, que se define como um homem muito generoso, gastou 40 mil euros com um presente de casamento para uma de uma de suas secretárias.

O advogado de Berlusconi, o deputado Niccolo Ghedini, condenou duramente a publicação desses dados e a definiu como violação da vida privada.

Igualmente, negou ter recebido 441 mil euros a título de honorários para defender um dos homens mais ricos da Europa.

Na véspera, centenas de mulheres se manifestaram por ocasião do Dia Internacional da Mulher, em Roma, Florença e Milão para reclamar mais dignidade, tendo como pano de fundo o escândalo sexual envolvendo Berlusconi.

As manifestações foram convocadas pelo movimento espontâneo "Se não for agora, quando será?", que reuniu, em 13 de fevereiro, meio milhão de mulheres e mais de 200 cidades para protestar contra a visão machista e patriarcal que o chefe de governo tem das mulheres de um modo geral.

RUBYGATE

Berlusconi é acusado de ter pagado por serviços sexuais de Ruby entre fevereiro e maio de 2010, quando ela ainda era menor. Além disso, o premiê teria pressionado a polícia de Milão para que soltassem a jovem, após ela ter sido presa por roubo na noite de 27 para 28 de maio.

Tanto Berlusconi, 74, quanto Ruby negaram terem mantido relações sexuais. A jovem apenas admitiu ter participado de jantares "normais e comportados".

Segundo a defesa de Berlusconi, ele tentou liberar a jovem pois acreditava que ela era a sobrinha do então ditador egípcio Hosni Mubarak e queria preservar as boas relações com o país árabe.

No entanto, o jornal "La Reppublica" publicou que Berlusconi sabia que a jovem marroquina era menor de idade em março de 2010 e manteve supostamente relações sexuais em abril e maio.

A jovem contou à Promotoria que no princípio disse ter 24 anos, mas depois confessou a Berlusconi ser menor de idade quando o líder quis dar a ela um apartamento em Milão.

Na noite do primeiro encontro, em 14 de fevereiro, Ruby entrou no quarto com o primeiro-ministro, e Berlusconi deu "a ela 50 mil euros, uma quantia que nunca havia visto junta" em sua vida.

Pelo interrogatório de Ruby R. feito pela Promotoria e as intercepções telefônicas, foi possível descobrir que após o primeiro encontro com Berlusconi, eles não falaram em outro assunto a não ser sexo e que o líder se mostrava disposto a pagar muito dinheiro por isso.

Ficou comprovado por meio das intercepções telefônicas que Karima esteve na residência de Berlusconi em Arcore (perto de Milão) 15 noites em 77 dias --a primeira vez em 14 de fevereiro e a última em 2 de maio de 2010. Durante os 77 dias, ela falou por telefone com Berlusconi 67 vezes.

A própria Ruby narrou à Promotoria que, em fevereiro, Berlusconi acreditava que ela tinha 24 anos, mas em março quando ofereceu um apartamento a ela em Milão, de graça e por cinco anos, Karima percebeu que tinha um problema porque havia mentido.

"Menti para Berlusconi e disse que tinha 24 anos e que era egípcia. Quando me propôs a casa, não pude mentir mais. Disse a verdade, que era menor de idade e que não tinha documentos", acrescentou.

Berlusconi não se surpreendeu, nem se afastou imediatamente e propôs o que agora utiliza a Promotoria pela acusação de abuso de poder: "Diga que é sobrinha de Mubarak, assim poderá justificar todo o dinheiro que coloquei a sua disposição", comentou.

O Rubygate é o terceiro escândalo sexual no qual Berlusconi se envolveu. Em maio de 2009, houve o caso Noemi, uma menor com quem Berlusconi se encontrava e que acabou levando a mulher do chefe de governo a pedir o divórcio, e, em junho de 2009, o caso D'Addario, uma prostituta que tornou pública uma noite tórrida com Berlusconi.

Mas este é o caso mais grave, já que é passível de três anos de prisão por prostituição e doze anos de reclusão por abuso de poder.

O Rubygate se soma a outros três processos penais contra Berlusconi que vão retomar entre o fim de fevereiro e início de março.

Está agendada para o próximo dia 6 de abril uma audiência na qual o primeiro-ministro terá de responder por abuso de poder e incitação à exploração sexual comercial de jovens.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página