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14/03/2011 - 17h12

Alemanha e Suíça suspendem projetos nucleares; Reino Unido diz ser cedo

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Alemanha e Suíça foram os primeiros países europeus a suspender temporariamente projetos nucleares como medida preventiva, após a crise nuclear causada pelo terremoto no Japão. Já o Reino Unido disse nesta segunda-feira que é cedo demais para avaliar qualquer consequência ao uso de energia nuclear no país.

A maioria dos países da UE tem centrais nucleares, principalmente a França (19 centras e 58 reatores), o Reino Unido (9 e 19), a Alemanha (12 e 17), a Suécia (7 e 16) e a Espanha (6 e 9).

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou uma moratória de três meses na lei aprovada por seu governo para prolongar o tempo de uso das centrais nucleares do país.

Merkel disse que o acidente nuclear na central de Fukushima, danificada pelo terremoto de sexta-feira passada (12), "muda a situação e na Alemanha, também".

"Não podemos fazer como se nada tivesse acontecido e digo isso muito claramente: não há tabu algum no que diz respeito à análise das condições de segurança", insistiu a chanceler.

Berlim tomou assim uma decisão destinada a tranquilizar seus cidadãos e se somou à Suíça, que suspendeu seus projetos de reforma das centrais, à espera de "normas de segurança mais estritas".

As repetidas explosões e as falhas de vários reatores da central nuclear de Fukushima 1 do Japão, avariada pelo sismo e pelo posterior tsunami que assolou o país na sexta-feira, alimentou nesta segunda-feira o temor de um desastre atômico na Europa, onde existem cerca de 150 reatores.

Com o propósito de "obter informações em primeira mão sobre planos de urgência e sobre as medidas de segurança" atuais no Velho Continente, a Comissão Europeia convocou para terça-feira uma reunião de urgência em Bruxelas.

Os ministros europeus da Energia e do Meio Ambiente, assim como as autoridades nacionais de segurança nuclear e dirigentes das grandes companhias do setor, participarão dessa reunião.

"O que acontece no Japão é claramente um acidente nuclear muito grave e o risco de uma grande catástrofe não pode ser descartado", admitiu a ministra francesa do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, cujo país cobre 75% de suas necessidades energéticas com suas centrais, em uma reunião em Bruxelas.

"Queremos o nível de segurança o mais elevado possível" e "determinar se a energia nuclear é ou não controlável", ressaltou a ministra, que considerou também que não é o momento de se precipitar.

Sem minimizar a 'importância do debate sobre a segurança', Elena Salgado, vice-presidente do governo espanhol, pediu que seja mantida uma 'perspectiva global' e lembrou que as centrais no Japão, 'até o momento, estão resistindo graças às medidas de proteção'.

Mas a Áustria, que se opõe à energia nuclear, lançou uma advertência ao restante dos europeus: "Queremos segurança máxima para a nossa população e todos os nossos vizinhos devem poder garantir a das suas", declarou o ministro do Meio Ambiente, Nikolaus Berlakovitch.

"Queremos controles de resistência em todas as centrais nucleares da Europa e que sejam feitos rapidamente", afirmou o austríaco. "A catástrofe no Japão suscita muitas preocupações", ressaltou sua colega italiana, Stefania Prestigiacomo.

"Desejamos entrar no sistema nuclear da UE, mas esperamos informações sobre a situação das centrais", indicou Prestigiacomo, cujo país abandonou este tipo de energia em 1987.

MUITO CEDO

Já o Health and Safety Executive (HSE), organismo oficial encarregado da supervisão das instalações nucleares, disse ser cedo demais para dizer se esta crise pode retardar os projetos de construção de novos reatores no Reino Unido.

O organismo disse que vai "continua a avaliar a situação no Japão" e determinar "se há lições a serem tiradas no Reino Unido e no plano internacional". "É cedo demais para dizer se isso terá um impacto no processo regulamentar ligado à construção de novas centrais nucleares".

Para os projetos de centrais no Reino Unido, a autoridade de segurança realiza neste momento uma avaliação dos modelos de novos reatores EPR da francesa Areva e AP1000, da americana Westinghouse.

Esse processo de avaliação deve, a princípio, ser concluído em junho, e aguardaremos até lá para que o HSE autorize os dois modelos concorrentes de reatores, depois que seus responsáveis tiverem atendido às principais exigências feitas durante o procedimento.

Qualquer atraso na concessão dos modelos de reatores poderá ter pesadas consequências para o calendário de renovação do parque nuclear britânico.

O ministro da Energia, Chris Huhne, declarou no domingo que lições devem ser tiradas do que aconteceu nas centrais nucleares japonesas em decorrência do terremoto, e indicou ter encarregado o HSE de examinar esta questão. Ele ressaltou, entretanto, que o Reino Unido não é "uma zona de risco sísmico como o Japão".

Londres decidiu em 2008 construir uma nova geração de centrais atômicas no Reino Unido que deve entrar em operação a partir de 2018 com o objetivo renovar seu parque de reatores defasado e fortalecer a segurança do abastecimento energético do país.

 

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