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Bahrein decreta estado de emergência; 2 morrem em protestos
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O rei do Bahrein, Hamad bin Isa al Khalifa, declarou estado de emergência nesta terça-feira em mais uma tentativa de seu governo de controlar uma revolta na pequena ilha liderada pela maioria xiita. A ação ocorre um dia depois de a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU) terem enviado tropas ao reino para ajudar a acabar com o tumulto.
O estado de emergência de três meses dá total poder às forças de segurança bareinitas, que são dominadas pela elite sunita.
O monarca ordenou o comando das Forças de Defesa a adotar "as medidas necessárias para aplicar" o decreto de estado de emergência em todo o território do país, de apenas 760 quilômetros quadrados.
Os militares poderão recorrer às forças de segurança, à Guarda Nacional "e a outras forças se for necessário", para aplicar o estado de emergência que foi aprovado pelo monarca.
O decreto, que foi divulgado pela agência oficial BNA, lamenta que os distúrbios registrados no Bahrein tenham afetado a vida e os bens dos barenitas e sustenta que os hospitais se transformaram "em focos de terror e intimidação".
AFP | ||
Manifestantes antigoverno marcham rumo à Embaixada da Arábia Saudita em Manama após envio de tropas ao reino |
Após conhecer a decisão, a oposição, que luta desde 14 de fevereiro exigindo profundas reformas políticas, pediu à comunidade internacional que condene o estado de emergência decretado.
A principal confederação sindical e os sete partidos mais importantes da oposição criticaram "a grave escalada de segurança e a opção militar para resolver a crise política que o próprio regime causou".
"Os assassinatos e a escalada de segurança destruíram o princípio do diálogo e deixaram o país à mercê do Exército local e externo", acrescentou a declaração.
A oposição se refere à decisão de segunda-feira do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) de enviar tropas de reforço ao Bahrein para ajudar as forças de segurança locais, entre as quais se incluem mil soldados procedentes da Arábia Saudita.
"Essa situação nos levou a pedir à comunidade mundial que intervenha de maneira urgente para proteger o povo da brutalidade dos corpos de segurança locais e estrangeiros", ressalta o comunicado da oposição.
O decreto de emergência foi recebido com novos protestos nas ruas de Manama e em outras cidades do país, que nesta segunda-feira deixaram dois mortos e mais de 200 feridos pelos distúrbios.
As duas vítimas são um manifestante e um policial que morreram nos choques registrados na zona de Sitra, ao oeste da capital, segundo fontes médicas.
As fontes indicaram que durante esta nova jornada de protestos mais de 200 pessoas ficaram feridas, das quais pelo menos dez se encontram em estado grave, em incidentes em diferentes pontos do país.
A oposição do Bahrein, um país com maioria xiita governado por uma minoria sunita, exige a instauração de uma monarquia parlamentar, com uma nova Constituição que permita ao povo escolher um governo e um Parlamento independente.
Em entrevista coletiva realizada no Cairo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advogou em favor de buscar soluções políticas para resolver a crise no país e expressou sua preocupação com os 'atos de provocação violenta".
Essa violência, acrescentou, "poderia agravar a situação e frustrar os esforços de uma solução política". "Os canais vinculados com os temas de segurança não deveriam substituir a solução política", insistiu.
Por outra parte, as autoridades barenitas decidiram nesta terça-feira convocar seu embaixador em Teerã por causa de declarações do ministro de Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, que na segunda-feira pediu a Manama que ouça as exigências dos manifestantes e atenda suas reivindicações.
Estes comentários, segundo um comunicado oficial, representam uma "degradante intervenção" nos assuntos do reino e "uma ameaça à paz e à segurança regional e internacional".
TROPAS ESTRANGEIRAS
A Arábia Saudita --governada por um governo sunita-- e o EAU enviaram tropas ao pequeno reino para responder, segundo Riad, a "um pedido de apoio" feito pelas autoridades de Manama.
Ao todo, são cerca de mil homens sauditas e 500 policiais do EAU.
A ocupação foi decidida depois do confronto entre a polícia do Bahrein e xiitas no domingo. Foi o mais violento embate desde que as tropas do país mataram sete manifestantes no mês passado.
"Outros países do Golfo também vão participar para trazer calmaria e ordem ao Bahrein", disse o chanceler dos Emirados Árabes, xeque Abdullah bin Zayed al Nahayan, nesta segunda-feira, na reunião de ministros de relações exteriores do G8, em Paris.
Apesar das declarações, ainda não está claro qual será a participação de outros países árabes no Bahrein.
O governo dos EUA disse nesta segunda que não consideram o envio de tropas da Arábia Saudita ao Bahrein uma invasão.
"Isso não é a invasão de um país", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
O Ministério da Defesa americano não foi avisado do envio das tropas, segundo um porta-voz do Pentágono. "Nem o secretário da Defesa, Robert Gates, nem o chefe de Estado-maior das Forças Armadas, o almirante Mike Muller, tiveram indicação sobre o fato", afirmou o coronel David Lapan em um comunicado.
Mullen visitou Manama no final de fevereiro, e Gates foi à capital bareinita no último sábado.
"Nas circunstâncias atuais, [...] pequenos passos provavelmente não são suficientes [...]. Uma reforma real é necessária", assegurou Gates após um encontro com o rei e o príncipe bareinitas.
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