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Exportações ao Brasil movem Obama
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PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
O aumento das exportações americanas para o Brasil é peça essencial para a recuperação da economia dos Estados Unidos e principal objetivo da viagem do presidente Obama ao país, afirmou ontem a Casa Branca.
"Essa viagem é fundamentalmente a respeito da recuperação econômica americana e exportações americanas", disse o vice-conselheiro de segurança nacional Mike Froman, responsável por assuntos econômicos internacionais. "As exportações para o Brasil geram 250 mil empregos nos EUA; metade da população do Brasil é hoje considerada classe média e isso cria uma grande oportunidade para nós vendermos nossos produtos lá."
No entanto, a meta de aumentar ainda mais as vendas de produtos americanos para o Brasil pode gerar atritos com o governo brasileiro. A interlocutores, a presidente Dilma Rousseff já manifestou preocupação com o deficit comercial que o Brasil mantém com os EUA --de US$ 7,731 bilhões em 2010, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. Trata-se do maior deficit comercial que o Brasil tem com um país. Em 2006, o Brasil tinha superavit de US$ 9,87 bilhões com os EUA.
Questionado pela Folha sobre possíveis atritos em relação à meta de aumentar as vendas americanas para o Brasil, Froman minimizou o problema. "Superávits e déficits sobem e descem o tempo todo", disse. "Nós não vemos o deficit ou superavit comercial como um problema, e sim um potencial para aprofundar nossos laços econômicos."
Segundo os números da Casa Branca, que divergem dos brasileiros, as exportações para o Brasil dobraram nos últimos cinco anos. Os EUA dizem ter 80 bilhões em comércio bilateral --embora os dados brasileiros indiquem que o intercâmbio em 2010 foi de US$ 46,3 bilhões.
Outro assunto que será tratado durante a viagem de Obama, que chega no sábado em Brasília e vai para o Rio no domingo, é a desvalorização da moeda chinesa, o yuan. Os EUA querem o apoio do Brasil para pressionar a China a valorizar sua moeda, que agrava o deficit comercial americano, segundo a Casa Branca.
"Como a presidente Dilma indicou, as políticas cambiais de outros países e a apreciação do real são uma preocupação para eles. A agenda de reequilíbrio econômico do G20 será parte da agenda de discussões."
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que a viagem de Obama não será adiada. Obama está sendo criticado por deixar o país em meio à crise no Japão e na Líbia, e diante da ameaça de uma paralisação do governo caso uma resolução para aprovar o orçamento não seja votada. Mas o porta-voz disse que a viagem não será adiada por isso.
"A viagem está de pé", disse Carney. "O crescimento econômico é a maior prioridade do presidente e essa viagem é muito focada nas oportunidades econômicas e comerciais dos EUA. Por isso ele vai manter a viagem".
Froman destacou as áreas de energia, o pré-sal em especial, e infraestrutura como interesses dos EUA. "Com a Copa e as Olimpíadas, o Brasil deve investir mais de US$ 200 bilhões em infraestrutura, podemos fornecer serviços de infraestrutura e exportações relacionadas."
Obama irá acompanhado do secretário do tesouro, Tim Geithner, de Energia, Steve Chu, de Comércio, Gary Locke, do representante de comércio, Ron Kirk, e da chefe da agência de proteção ambiental, Lisa Jackson.
A questão da relação do Irã foi mencionada apenas tangencialmente. "Não vou comentar sobre Irã, digo apenas que a eleição da presidente Dilma Rousseff nos dá uma oportunidade para nos engajarmos com o novo governo e garantir que tenhamos um bom começo", disse Froman.
Em relação à tarifa sobre o etanol brasileiro, Froman disse: "Não podemos esperar um anúncio sobre tarifas de etanol durante essa viagem, isso é uma apenas parte de nosso diálogo sobre cooperação em biocombustíveis".
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