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19/03/2011 - 18h39

Japão detecta radiação em alimentos e água perto de usina e em Tóquio

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades japonesas informaram neste sábado que foram detectados níveis de radiação em espinafre e leite de fazendas próximas ao complexo nuclear de Fukushima Daiichi, severamente atingido pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu a região no último dia 11. Além disso, minúsculas quantidades de iodo radioativo foram encontradas em água encanada de Tóquio e outros locais, apesar de especialistas dizerem que nada disso representa qualquer risco à saúde.

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O Ministério da Saúde também disse que iodo radioativo pouco acima dos níveis de segurança do governo foi encontrado em água potável na quinta-feira em uma amostra da província de Fukushima, onde está localizada a usina nuclear, mas que outros testes, realizados depois, mostraram que o nível havia caído novamente.

O secretário de Gabinete do Japão, Yukio Edano, insistiu que os alimentos contaminados não representam "riscos à saúde imediatos".

O leite contaminado foi descoberto a 30 quilômetros da usina, afirmou uma autoridade local. O espinafre foi coletado de seis fazendas localizadas entre 100 quilômetros e 120 quilômetros ao sul dos reatores danificados.

A região é rica de fazendas de melões, arroz e pêssegos, então a contaminação pode afetar o suprimento de alimentos para grandes áreas do país.

Mais testes estão sendo feitos em outros alimentos, Edano, e se eles detectarem mais contaminação, o envio deles a partir da região será suspenso.

Editoria de Arte/Folhapress

Autoridades disseram que é muito cedo para saber se a crise nuclear causou a contaminação, mas Edano disse que amostras do ar retiradas da área mostraram níveis de radiação mais elevados que o normal.

Níveis de iodo no espinafre excederam limites de segurança em três a sete vezes, afirmou uma autoridade. Testes no leite feitos na quarta-feira detectaram pequenas quantidades de iodo-131 e césio-137, este último um elemento que pode causar muitos tipos de câncer. Mas apenas iodo foi detectado na quinta-feira e na sexta-feira, segundo um funcionário do Ministério da Saúde.

Após os anúncios, autoridades imediatamente tentaram acalmar um já em pânico público, dizendo que as quantidades detectadas foram tão pequenas que as pessoas precisariam ingerir quantidades inimagináveis dos alimentos para pôr sua saúde em risco.

O Ministério da Saúde afirmou ainda que níveis de iodo acima do limite seguro foram descobertos na quinta-feira na água potável da província de Fukushima. Na sexta-feira, os níveis eram a metade do dia anterior; neste sábado, haviam caído ainda mais.

Traços de iodo foram encontrados na água de Tóquio na sexta, o primeiro dia desde que o governo ordenou amostragem diária em todo o país devido a crise nuclear, segundo informou o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia.

Um comunicado dizia que as quantidades encontradas não excedem os limites de segurança do governo. Mas testes de água, que por décadas foram realizados apenas uma vez por ano, geralmente não apresentavam traços de iodo.

USINA

No complexo de Fukushima, equipes de emergência continuam lutando para resfriar os reatores e as piscinas usadas para armazenar combustível nuclear, assim como para religar a usina novamente à corrente elétrica.

Uma linha de energia chegou ao complexo na sexta-feira, mas trabalhadores precisam trabalhar metodicamente por meio de sistemas elétricos complexos, que foram severamente danificados pelo terremoto, para fazer as ligações finais sem criar faíscas que poderiam gerar explosões. Funcionários da Tokyo Electric Power Company (Tepco), proprietária do complexo, disseram esperar serem capazes de religar os sistemas de resfriamento neste domingo.

Arte Folha

Uma vez que a energia for religada, não está claro que os sistemas continuarão a funcionar.

Um caminhão com uma mangueira de alta pressão jogou água direto do oceano em uma das mais problemáticas áreas do complexo --a piscina de resfriamento para varetas de combustível usado na unidade 3 da usina. Devido aos altos níveis de radiação, bombeiros apenas chegam ao caminhão a cada três horas para reabastecê-lo.

Também foram feitos buracos no teto das unidades 5 e 6 para desafogar o acúmulo de hidrogênio, e a temperatura do tanque de combustível da unidade 5 caiu após mais água ter sido jogado nele.

Mais funcionários fazem parte agora do esforço --elevando o total para 500.

Edano afirmou que as condições nos reatores 1,2 e 3 --todos atingidos por explosões nos últimos oito dias-- foi "estabilizada".

Os reatores e as piscinas de armazenamento precisam de fontes constantes de água fria. Mesmo quando retirados de reatores, varetas de urânio continuam muito quentes e precisam ser resfriadas por meses, possivelmente mais, para prevenir que elas se aqueçam novamente e emitam radiação.

Pessoas retiradas das áreas próximas à usina, junto com alguns trabalhadores de emergência, testaram positivo para exposição à radiação. Três bombeiros precisaram ser descontaminados.

VÍTIMAS

A Agência Nacional de Polícia do Japão informou neste sábado (noite de sexta no Brasil) que o número de mortes causadas pelo terremoto de magnitude 9, seguido de tsunami, que atingiu a costa nordeste do país no último dia 11, chegou a 7.197. O anúncio foi feito em meio a contínuos esforços para evitar um desastre nuclear no complexo de Fukushima, severamente atingido pelo tremor.

Segundo a polícia, além dos mortos, 10.905 pessoas estão oficialmente desaparecidas.

Alguns dos desaparecidos poderiam estar fora da região atingida pelo tremor e tsunami, cujas ondas chegaram a 10 metros de altura.

Mike Clarke/AFP
Japoneses fazem fila para comprar um dos primeiros suprimentos de legumes frescos em Sendai
Japoneses fazem fila para comprar um dos primeiros suprimentos de legumes frescos em Sendai

A polícia também informou que a força das águas pode ter sugado muitas pessoas para o mar e, como ocorrido com o tsunami que, em 2004, atingiu países banhados pelo oceano Índico, a maioria desses corpos pode nunca ser encontrada.

Cerca de 390 mil pessoas, incluindo muitos idosos, estão sem casa e tentando se proteger das baixas temperaturas no Japão em abrigos na costa nordeste.

Alimentos, água, medicamentos e aquecimento são escassos.

 

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