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Analistas divergem sobre discurso de Obama
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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Depois de muita expectativa quanto a um reposicionamento da política externa americana para a América Latina, as avaliações a respeito do discurso do presidente Barack Obama em Santiago (Chile) nesta segunda-feira divergiram.
Peter Hakim, presidente emérito do think tank Inter-American Dialogue, se disse "muito desapontado". "Francamente, não vi nada de novo ou especial", disse à Folha.
"A avaliação [de Obama] sobre a América Latina se tornou repetitiva e não é muito diferente do que [o ex-presidente] George W. Bush disse em um discurso de campanha em 2000."
Hakim não viu propostas inovadoras e afirmou as que foram citadas, como intercâmbios e ampliação do comércio, não apresentaram objetivos concretos nem especificaram valores de investimentos.
"A fala exagerou tanto conquistas quanto esforços do governo", afirmou.
Jim Watson-21.mar.11/AFP | ||
Barack Obama dá entrevista coletiva ao lado do presidente chileno, Sebastian Piñera |
Ele criticou as falas sobre Panamá e Colômbia, com os quais tratados de livre comércio estão parados no Congresso americano há anos, como "condicionados, fracos e muito breves".
Quanto à imigração, um tema caro aos latinos, Hakim diz que Obama não foi específico e não ofereceu caminhos alternativos a propostas que já fracassaram antes.
E, por fim, disse que a fala mostrou "otimismo sem garantias quanto ao que esforços dos EUA para reduzir consumo de drogas e vendas de armas" podem produzir.
Por outro lado, Susan Segal, presidente do American Society/Council of the Americas, considerou a fala "muito boa".
"Obama tocou em pontos importantes de segurança, ação contra o narcotráfico, foco na inovação, intercâmbio estudantil", afirmou. "Uma das coisas que 'tuitei' imediatamente foi quando Obama disse que 'se trabalharmos juntos como americanos não há nada que não possamos alcançar'".
Ela discorda das expectativas quanto a necessidade de um discurso sobre políticas para a América Latina de impacto histórico comparável ao que Obama fez no Cairo (Egito) em 2009 para o mundo árabe.
"Em geral, os EUA e a maioria dos países latinos têm muito em comum, são democracias, há comprometimento com direitos humanos, uma cultura similar.", afirma.
"Há um grande desejo de empresas americanas de trabalhar mais com a América Latina e estamos vendo cada vez mais investimentos latinos nos EUA. Então estamos começando de um ponto muito diferente do que o da relação EUA-países do Oriente Médio que não são democráticos."
Para Segal, a região não precisa de um discurso diferente daquele que ouviu. O que precisa "é de coisas como educação, inovação, coordenação entre setor privado, público e acadêmico, etc".
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