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EUA agiram na Líbia para "impedir um massacre", diz Obama
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DE SÃO PAULO
Ao discursar sobre a situação na Líbia, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que agiu para "impedir um massacre" e justificou a ação militar no país dizendo que foi preciso mensurar os interesses americanos antes de ordenar a intervenção e que a passividade frente à tirania do ditador Muammar Gaddafi teria "custado mais caro".
"É verdade que os EUA não podem usar seu poderio militar contra todos os problemas do mundo, por isso tivemos que pesar e medir nossos interesses, e não era do nosso interesse nacional que Gaddafi retomasse o poder em Benghazi [reduto dos rebeldes]. Mas estes não foram os únicos motivos. Fizemos o que a própria oposição líbia nos pediu para fazer", disse.
Saul Loeb/AFP | ||
Ao justificar ação dos Estados Unidos na Líbia, Obama disse que o país impediu "um massacre" de Gaddafi contra os civis |
Logo no início do discurso, Obama sugeriu de forma indireta que os EUA não repetiriam os mesmos erros cometidos no Iraque e no Afeganistão, e que por isso prometera dias atrás não enviar tropas terrestres e repassar o controle da missão à Otan.
De forma contraditória, Obama disse que apoia a transição de poder na Líbia, que isso "não vai acontecer da noite para o dia", mas que não é objetivo da intervenção a alteração de regime na Líbia, e sim proteger os civis.
"Posso dizer que nossos esforços já paralisaram os avanços mortais de Gaddafi", indicou.
O presidente americano disse ainda que os EUA congelaram mais de US$ 30 bilhões em fundos do ditador líbio, e que o dinheiro será devolvido à população.
"Esse dinheiro não pertence a nós, nem a Gaddafi, mas sim ao povo líbio. Vamos garantir que esses recursos sejam usados na reconstrução do país", disse.
Pouco antes do início do discurso, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, divulgou um comunicado revelando o resultado da teleconferência entre os líderes dos EUA, França, Reino Unido e Alemanha na tarde desta segunda-feira.
Larry Downing/Reuters | ||
Discurso na Universidade da Defesa, em Washington, chega um dia antes da reunião de 40 países aliados em Londres |
Os quatro países chegaram à conclusão de que Gaddafi "perdeu sua legitimidade para governar e que precisa renunciar", disse Carney.
Buscando responder às críticas quanto à demora para dar início às operações, Obama disse que durante a crise na Bósnia, nos anos 90, a comunidade internacional levou mais de um ano para decidir pela intervenção militar. "Na Líbia, levamos somente 31 dias", afirmou.
ONDA DE REVOLTAS
Comentando sobre a onda de revoltas que atinge diversos países, Obama disse que Washington não pode alterar o ritmo das transformações sociais e políticas.
"Creio que a onda de mudanças não pode retroceder, mas os EUA não podem ditar o ritmo dessas mudanças na região. Vemos com bons olhos esse momento histórico no Oriente Médio e norte da África, sobretudo porque é conduzido pelos jovens. Esses jovens que lutam pela liberdade sempre encontrarão um amigo nos Estados Unidos", acrescentou.
EXPLICAÇÕES
Além de anunciar a transferência de comando das operações na Líbia dos EUA à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que deve ser concretizada na quarta-feira, o pronunciamento realizado na Universidade Nacional de Defesa, em Washington, serviu para detalhar aos americanos as intenções e objetivos de seu governo na ação.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Embora a ação seja criticada pelo governo, mesmo após passar o comando para a Otan, os EUA devem aumentar sua presença nas operações. Nesta sexta-feira, o almirante da Marinha americana William Gortney disse que o Pentágono estuda enviar aeronaves mais adequadas para atingir alvos do regime em terra, em cidades como Misrata.
Vários congressistas americanos têm criticado Obama por não ter feito consultas suficientes com o Legislativo sobre os ataques militares dos EUA e de seus aliados na Líbia.
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