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Forças de oposicionista Ouattara avançam na Costa do Marfim
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Forças leais a Alassane Ouattara, político da Costa do Marfim que venceu as últimas eleições presidenciais de novembro do ano passado mas ainda não pôde assumir, tomaram a cidade portuária de San Pedro, tentando pressionar o atual presidente, Laurent Gbagbo, a deixar o poder.
Testemunhas relataram à agência Reuters que os soldados pró-Gbagbo abriram fogo e intensos tiroteios tiveram início.
As notícias chegam horas após a confirmação de que as forças de Ouattara já haviam tomado o controle da capital da Costa do Marfim, Yamoussoukro, e avançavam na direção das cidades litorâneas de Abidjã, a maior e mais importante do país, e San Pedro, em uma dramática arrancada com o objetivo de derrubar Gbagbo.
O chefe do governo paralelo de Ouattara disse que Gbagbo tem apenas "horas" para deixar o poder pacificamente, depois de meses de negociações com o objetivo de desalojá-lo.
"O tempo para diálogo e cessar-fogos acabou. [Gbagbo] tem algumas horas para deixar o poder pacificamente", disse Guillaume Soro, chefe de governo de Ouattara, em declarações à rádio francesa RFI.
Pelo menos 472 pessoas foram mortas desde o início do impasse, de acordo com as Nações Unidas. A crise humanitária se agrava. Somente na capital comercial, Abidjã, o conflito provocou a fuga de cerca de 1 milhão de pessoas. Pelo menos 112 mil marfinenses já cruzaram a fronteira para a Libéria.
A Costa do Marfim é a maior produtora mundial de cacau. As restrições à atividade desde que o conflito começou paralisaram as exportações, elevando os preços no mercado futuro ao maior patamar em 30 anos.
As forças pró-Ouattara agora controlam áreas que produzem cerca de 600 mil toneladas de cacau por ano, metade do total do país.
ONU APROVA SANÇÕES
Mais cedo, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou por unanimidade uma resolução que contempla sanções contra Gbagbo, por sua recusa a abandonar o poder.
Editoria de Arte/Folhapress |
Os 15 membros do principal órgão internacional de segurança votaram a favor de aprovar a resolução 1.975 proposta pela França e Nigéria, que impõe sanções contra Gbagbo, enquanto exige que ele passe o poder ao vencedor das eleições de novembro, Alassane Ouattara.
PROTESTOS
As medidas da ONU chegam dias após a intensificação dos protestos no país. No sábado (26), grandes manifestações foram convocadas por Charles Blé Goudé, chefe dos "patriotas" defensores de Gbagbo, milhares de pessoas, principalmente jovens, se manifestaram a favor do presidente.
"Gbagbo ou nada" e "A Costa de Marfim pertence aos marfinenses" foram alguns dos slogan cantados pelos manifestantes, que também criticaram o presidente francês Nicolás Sarkozy, que deu seu apoio adversário Alassane Ouattara como presidente legítimo depois das eleições de novembro, que mergulharam o país numa violenta crise.
Blé Goudé reiterou seu apelo ao diálogo para encontrar uma solução para a crise pós-eleitoral e, apesar de afirmar que não há guerra civil no país, destacou que mais de cem mil jovens se inscreveram no exército e serão convocados no momento oportuno.
Confrontos entre os militantes pró-Gbagbo e os defensores do vencedor das eleições, Ouattara, têm aumentado nas últimas semanas e anteriormente as Nações Unidas já haviam alertado para uma potencial nova guerra civil no país.
HISTÓRICO
Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo.
O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%.
Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano. Gbagbo rejeitou todas as propostas, incluindo ofertas de anistia e um confortável exílio no exterior.
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