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30/04/2011 - 13h22

Carisma de João Paulo 2º atraía fiéis, dizem especialistas

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SARAH GERMANO
DA ANSA, EM SÃO PAULO

A principal característica dos 27 anos do Pontificado de João Paulo 2º foi o carisma do papa, que fez com que vários tipos de fiéis se aproximassem da Igreja Católica.

Para o padre José Roberto Abreu de Matos, que leciona Filosofia e Teologia na PUC-SP, "não só os fiéis, mas o mundo olhou para a Igreja de uma forma diferente" e, apesar de algumas vezes as pessoas não confessarem da mesma fé, aonde o papa ia, "prestavam atenção nele".

"As pessoas, católicos, judeus, muçulmanos, quando se deparavam com ele, se identificavam com algo que vai além do nosso entendimento", disse o religioso.

O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, declarou recentemente que o reconhecimento do público ficou muito claro no funeral de João Paulo 2º, ocasião que contou com a presença de chefes de Estado "como nunca antes houve na história, em número e em diversidade".

"[Eles eram provenientes] de Estados e países que não têm cultura cristã, mas estavam lá para homenagear o papa falecido. Chefes de Estado que estavam em guerra contra outros chefes de Estado ficaram lado a lado na Praça São Pedro, dando um sinal de que aquilo era verdadeiro", relembrou.

Para Scherer, que representará a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na cerimônia de beatificação que acontecerá no dia 1° de maio, João Paulo 2º não foi só importante para a Igreja, "mas também para a humanidade".

O padre José Roberto Abreu de Matos, que já se reuniu com João Paulo 2º, lembra que o olhar do papa era algo que ia além de "nossas capacidades inteligíveis".

"Estar com João Paulo 2º foi sentir algo que é inexplicável, é algo humano, mas também divino, porque ele transmitia no olhar e corporalmente uma força que só poderia vir de Deus", relembra Matos, acrescentando que, quando ele chegava, "as pessoas se derretiam".

Para o religioso, isso talvez ocorresse graças ao contato que Karol Wojtyla teve com o teatro em sua juventude, que deu a ele uma linguagem corporal que permitia que "falasse com os olhos, não somente com a boca".

João Paulo 2º também ficou conhecido por se envolver e dar atenção especial aos jovens e trabalhadores. Segundo o assessor nacional do Setor Juventude da CNBB, padre Carlos Sávio, o papa "tinha um amor todo especial por eles. Algo que vem do seu carisma, já que essa idade é complicada para tanta gente".

O frei italiano Mariano Sérgio Foralosso, professor da Escola Dominicana de Teologia, destacou, por sua vez, que a missão do papa Bento 16 de substituir João Paulo 2º "não é uma tarefa fácil", exatamente por conta de seu "carisma muito grande".

"Bento 16 não tem a projeção na mídia que João Paulo 2º tinha", afirma Foralosso, explicando que isso se dá por causa do "jeito alemão dele, mas também porque ele assumiu [o Papado] sendo não-amado".

Isso porque, segundo o frei, ele tinha uma tarefa complicada na Congregação para a Doutrina da Fé, que pode ser comparada ao trabalho feito antigamente pela Inquisição.

 

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