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04/05/2011 - 13h21

Vizinhos relatam comportamento estranho na casa de Bin Laden

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DA REUTERS, EM ABBOTTABAD (PAQUISTÃO)

As crianças da mansão branca com câmeras em circuito fechado em Abbottabad nunca saíam para brincar.Somente agora, após a surpreendente invasão norte-americana que matou Osama bin Laden na pequena e pacata cidade paquistanesa e sob os olhos do mundo, tudo começa a fazer sentido.

O líder da rede terrorista Al Qaeda, que muitos acreditavam estar escondido nas montanhas entre o Paquistão e o Afeganistão, era na verdade um dos misteriosos vizinhos --cientes de que um movimento em falso poderia dar a dica aos agentes de inteligência dos EUA que o caçavam.

"Costumávamos jogar críquete perto da casa, mas as crianças deles nunca participavam", disse Nabeel, 12 anos. "Elas não iam à escola. Nunca as vimos indo para a escola."

Abbottabad jamais será a mesma depois que as forças especiais dos Estados Unidos chegaram de helicóptero na manhã de segunda-feira, entraram na mansão localizada entre tranquilas colinas verdejantes e mataram Bin Laden, pondo fim a uma das mais demoradas e notórias caçadas humanas da história.

Arte/Folha

Moradores espantados relembram as poucas atividades que observavam na mansão, que se destaca das outras casas da área em tamanho e valor.

Os cidadãos de Abbottabad, típica cidade paquistanesa de médio porte localizada a 50 km a noroeste da capital Islamabad, passaram anos se indagando.

Os moradores tentaram encontrar algumas respostas. Poderia ser uma família religiosa, por isso as mulheres nunca eram vistas do lado de fora
Mas isto não explicava por que os homens da casa nunca compareciam a casamentos ou enterros --atitude incomum na sociedade muçulmana profundamente tradicional do Paquistão.

A irritação com o comportamento estranho cresceu. Durante os feriados religiosos, muitas das pessoas de Abbottabad oferecem doces umas às outras.

Mas os moradores da casa onde autoridades dos EUA dizem que o "inimigo número 1" dos Estados Unidos vivia confortavelmente eram tão antissociais que os outros nem se davam ao trabalho de bater em suas portas nestas ocasiões especiais.

"Distribuímos kheer (um doce de leite com arroz) a nossos vizinhos, mas minha mãe nunca me pediu para ir lá", disse Mohammad Kabir.

DÚVIDAS

O servidor público Tahir Mehmood lembra que as pessoas da mansão tinham uma perua e um jipe. Como outros, ele deve permanecer descrente durante algum tempo.

"A julgar pela aparência, nunca suspeitamos de que podiam ser tais pessoas", disse ele. "Não consigo acreditar que ele estava aqui. Se estava, é difícil entender como ninguém jamais o viu."

Pode demorar algum tempo para a vida voltar ao normal em Abbottabad, onde normalmente os trabalhadores se ocupam com construções civis e os fazendeiros cuidam de campos de batata e ervilha, sem câmeras de TV invasivas e repórteres ocupando a cidade.

Um rígido cordão de segurança foi instalado ao redor da mansão. As ruas estavam praticamente vazias nesta quarta-feira, porque se esperava a visita de uma autoridade militar de alto escalão à área, próxima a uma academia militar paquistanesa.

Alguns garantiram que esquecerão o assunto, mas se mostravam inquietos. Se o homem mais procurado do mundo pode viver ao lado sem ser notado, tudo é possível.

"Não haverá mudança em nossas vidas. Vamos continuar a trabalhar duro. Mas espero que não haja violência e que nossas famílias e filhos continuem seguros", disse Mohammad Ramzan, empregado de uma fazenda.

Editoria de Arte/Folhapress.

 

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