Obama diz querer recomeçar relação com mundo árabe pós-Bin Laden

Aliando a morte do chefe da Al Qaeda às revoltas populares em diversos países, o presidente americano Barack Obama pretende recomeçar a relação dos EUA com o mundo árabe "pós-Bin Laden" num discurso crucial na próxima semana, indicou o governo.

O pronunciamento de Obama deve ser marcado pelo tom de que "Bin Laden é o passado, e o que está acontecendo na região é o futuro", disse um dos seus conselheiros de segurança nacional, Benjamin J. Rhodes.

O impacto direto da morte do terrorista para a política externa americana na região, contudo, ainda é visto com dúvidas por membros do alto escalão do governo.

Para alguns, a derrubada de Bin Laden dá aos EUA a chance de avançar com mudanças políticas na região porque faz com que países como Egito e Síria tenham menos probabilidade de se inclinar ao extremismo.

No entanto, outros afirmam que a morte do chefe da Al Qaeda não evitará a proliferação do terrorismo no Iêmen, enquanto países como o Bahrein --onde a origem dos conflitos é a rixa entre sunitas e xiitas-- podem ser convulsionados por problemas que nunca tiveram nada a ver com Bin Laden.

A Casa Branca diz que ainda analisa como o discurso de Obama mencionará políticas específicas para cada país, e que mesmo antes da morte de Bin Laden, o presidente já estudava um pronunciamento unificando todas as revoltas.

Membros do governo afirmam que o pronunciamento deve indicar também um certo nível de frustração, já que há dois anos o presidente fez seu famoso "discurso do Cairo", tentando estreitar as relações de Washington com os países árabes, mas sem obter muitas mudanças.