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20/05/2011 - 15h08

Obama fala de amizade com Israel; Netanyahu rejeita fronteiras de 67

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DE SÃO PAULO

Atualizado às 15h38.

O presidente americano, Barack Obama, tentou amenizar a tensão com Israel e reiterou que a relação dos dois países é de amigos. Ao lado do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, ele não citou a proposta feita na véspera de criar um Estado palestino nas fronteiras de antes da guerra de 1967, que incluiria territórios ocupados pelos israelenses.

Já Netanyahu disse que está disposto a comprometer-se com a paz no Oriente Médio, mas rejeitou a proposta de Obama sobre as fronteiras.

Jim Young/Reuters
Presidente americano, Barack Obama, fala ao lado de premiê israelense, Binyamin Netanyahu
Presidente americano, Barack Obama, fala ao lado de premiê israelense, Binyamin Netanyahu

Os dois líderes reuniram-se na Casa Branca um dia após Obama ter declarado apoio à antiga solicitação palestina de formar um Estado com base naquelas fronteiras.

Em declaração a jornalistas no Salão Oval, Obama disse que reiterou sua opinião a Netanyahu nesta quinta. Os dois líderes reconheceram diferenças de ponto de vista".

Obama afirmou que Estados Unidos e Israel têm "laços extraordinários", enquanto Netanyahu disse que ele e Obama "ainda podem trabalhar juntos pela paz.

O discurso causou reação imediata de Israel, que rejeitou o plano e fez com que Netanyahu chegasse em Washington nesta sexta-feira em meio à tensão com o colega americano.

Poucas horas depois do discurso de Obama, Netanyahu respondeu que a criação de um Estado palestino nos termos de Obama é inaceitável e deixaria Israel com fronteiras indefensáveis. No avião rumo a Washington, um assessor do israelense chegou a dizer que Obama não entendia a realidade da região.

Hoje, Obama focou seu pronunciamento aos jornalistas nas preocupações comuns dos EUA e de Israel com a situação na Síria e o programa nuclear iraniano e ressaltou que, na questão das negociações com os palestinos, a segurança do Estado judeu é uma prioridade americana.

"Tivemos uma conversa longa e produtiva sobre uma variada gama de assuntos, como a onda de revoltas na região, o que tem acontecido em países como Egito e Síria, assim como a oportunidade que estas mudanças apresentam", disse Obama, em um pronunciamento de palavras calculadas a jornalistas americanos.

"Nosso principal objetivo deve ser proteger a segurança de Israel, ao lado de um Estado palestino funcional e seguro", disse Obama. "Claro que há diferenças entre nós, em linguagem e ideias, mas isso acontece entre amigos", completou.

PAZ X SEGURANÇA

O americano afirmou ainda que garantiu a Netanyahu que "a paz real só pode acontecer se Israel estiver seguro", mas fez a ressalva de que os EUA acreditam em "um Estado israelense seguro, não vulnerável, mas que resolva as questões dos dois povos".

Obama também ecoou Israel na rejeição à participação do grupo islâmico Hamas nas negociações de paz.

O grupo, que comanda a faixa de Gaza, assinou um acordo histórico de reconciliação com o rival Fatah, que comanda a Cisjordânia, e outras facções palestinas. O acordo inclui a formação de um governo interino e eleições. Com um governo único, o Hamas entraria nas negociações de paz com Israel.

"É muito difícil Israel negociar com uma parte que não reconhece seu Estado. Isso levanta sérias questões sobre o acordo feito entre Hamas e Fatah. O Hamas é dedicado ao terror e não reconhece direito de Israel de existir".

"Desta discussão, eu mais uma vez reafirmo a extraordinária relação entre EUA e Israel. Juntos, podemos trabalhar em um novo período de paz e prosperidade na região, que passará por grandes mudanças", repetiu Obama, em um grande esforço para reaquecer as relações.

POLÊMICA DAS FRONTEIRAS

Já Netanyahu disse que seu país "valoriza os esforços [de Obama] para avançar no processo de paz", e que "todos querem paz, mas [Israel] querem uma paz genuína, que dure de fato, uma paz baseada na realidade e em fatos".

"Teremos que aceitar alguns fatos, não podemos aceitar a volta às fronteiras antes de 1967. Elas não são realistas, não levam em conta as mudanças demográficas que que ocorreram desde então. Os palestinos precisam aceitar essa realidade", afirmou o premiê israelense.

O líder de Israel disse ainda que não pode negociar com um governo palestino apoiado pelo Hamas, organização terrorista que lançou milhares de foguetes contra Israel e é comprometido com sua destruição". "Eles atacaram inclusive você, sr. presidente, por ter matado Osama bin Laden", acrescentou, dizendo ainda que "Abbas tem uma escolha a fazer: ou fica ao lado do Hamas ou escolhe a paz com Israel".

Netanyahu falou ainda sobre a questão dos refugiados palestinos. "Eles querem que filhos e netos desses refugiados sejam aceitos por Israel, mas isso não vai acontecer, isso é uma realidade. O problema dos refugiados precisa ser resolvido, mas não será resolvida por Israel. Discuti todas essas questões com o presidente Obama, temos diferenças de opinião mas também coisas em comum, buscamos alcançar a paz entre Israel e a ANP", afirmou.

O premiê disse ainda que seu país "quer trabalhar com os EUA para alcançar uma paz que não ameace a segurança de Israel". "Assumo essa responsabilidade. A história não dará ao povo judeu uma nova chance, por isso, nos próximos meses, quero trabalhar ao seu lado para alcançar uma paz genuína com nosso vizinhos palestinos e garantir um futuro melhor para Israel e para toda a região", finalizou.

 

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