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15/06/2011 - 07h19

Nobel acusa Irã por repressão aos sírios; veja entrevista

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DE SÃO PAULO

A ativista Shirin Ebadi, 63, Prêmio Nobel da Paz de 2003, acusou o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad de enviar tropas para ajudar na repressão aos protestos pró-democracia na Síria --o "único aliado" do Irã no Oriente Médio, segundo ela.

Procurada, a Embaixada do Irã no Brasil não quis se manifestar sobre a acusação.

Ebadi deu entrevista para a TV Folha (veja vídeo abaixo) em visita a São Paulo, onde veio participar de conferência no ciclo Fronteiras do Pensamento, do qual a Folha é parceira.

Veja vídeo

Segundo a iraniana, que foi a primeira mulher a se tornar juíza no país e perdeu esse cargo após a Revolução Islâmica (1979), as manifestações contra regimes autoritários no mundo árabe têm inegável influência no Irã.

Para ela, a eventual queda do ditador Bashar Assad e o progresso da democracia na Síria seriam determinantes para o futuro dos iranianos.
A ativista avalia, ainda, que o recente conflito interno entre o presidente Ahmadinejad e o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, favorece as aspirações democráticas do povo iraniano.

"Foi graças ao apoio de Khamenei que Ahmadinejad manteve o poder nas eleições de 2009, que foram fraudulentas", diz. "O conflito entre os dois pouco tem a ver com os direitos das pessoas -é uma disputa pelo poder político. Mas, naturalmente, esse conflito leva ao enfraquecimento do governo."

A Prêmio Nobel afirmou, ainda, que veio ao Brasil para agradecer à presidente Dilma Rousseff pela mudança de posição do país em relação ao Irã _na ONU, o governo anterior, de Lula, costumava se abster em votações de medidas que contrariassem o regime iraniano. Dilma, porém, não recebeu a ativista. "Como esse encontro não foi possível, por qualquer motivo, eu gostaria que vocês transmitissem esse agradecimento a ela", pediu.

MULHERES DE TEERÃ

De acordo com a ativista, atualmente mais de 65% dos estudantes universitários do Irã são mulheres, e as iranianas obtiveram o direito de votar há mais de 50 anos _antes das suíças, por exemplo.

As leis do regime islâmico, no entanto, não refletem o que Ebadi classifica como "alta posição da mulher na cultura iraniana".

"Se um homem e uma mulher saírem a rua e forem assaltados, ou sofrerem os mesmos ferimentos em um acidente de carro, a indenização paga ao homem é o dobro da que é paga à mulher. Do mesmo modo, num tribunal de Justiça, o testemunho de duas mulheres equivale ao de um homem", afirma ela.

Casos como o de Sakineh Ashtiani acusada de adultério e de mandar matar o marido e condenada à morte por apedrejamento não são comuns, diz ela, "se o critério para 'comum' for uma pessoa por mês. Mas a pena existe, e algumas pessoas sofrem por causa dela a cada ano."

 

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