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Para jornalista, escândalo na mídia britânica pode derrubar premiê
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DE SÃO PAULO
O jornalista Ricardo Feltrin, editor de Entretenimento do Grupo Folha e colunista do UOL, participou de bate-papo nesta quinta-feira (21) sobre o escândalo envolvendo o jornal "News of the World" e seu reflexo no futuro dos tabloides.
Para Feltrin, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não deve durar mais que 60 dias no cargo. A ligação com Andy Coulson, ex-editor do "News of the World" na época das escutas e ex-chefe de imprensa de Cameron, pode respingar no atual premiê.
Confira a agenda de bate-papo do UOL
Saiba como foram os outros bate-papos da Folha
O tabloide "News of the World", de Rupert Murdoch, teve sua última edição publicada no dia 10, após ser acusado de acessar ilegalmente a mensagens de celulares de mais de 4.000 pessoas.
Reprodução TV UOL |
Ricardo Feltrin é editor de Entretenimento da Folha |
Participaram do Bate-papo 117 pessoas.
O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.
*
(05:01:02) Ricardo Feltrin: Olá, muito boa tarde.
(05:01:12) Débora: boa tarde, vc acha q se esse tipo de escândalo acontecesse aqui no brasil, quais providencias seriam tomadas?
(05:05:09) Ricardo Feltrin: Débora, pessoalmente não consigo imaginar a proporção que teria um caso desses no Brasil. Um jornal grampeador? Creio que serviria de munição a grupos interessados em combater o jornalismo independente, talvez. A história mostra que jornalistas são personagens grampeados, não grampeadores (exceto os lobistas, espiões etc)
(05:05:23) kako: no Brasil já houve casos parecidos? já ouvi dizer que o presidente itamar grampeava seus ministros e assessores. se o presidente faz, por que jornalistas não fariam?
(05:09:31) Ricardo Feltrin: Kako, a gravação entre políticos é bem comum. O caso britânico é diferente. Sinceramente, vejo mais que um simples escândalo. De qualquer ponto de vista --jornalístico, democrático, ético, moral, civilizado-- a escuta ilegal o caso é uma indecência que não pode ser aceita pela sociedade moderna.
(05:09:37) carol: a morte o jornalista tem alguma ligação com o escandalo?
(05:11:36) Ricardo Feltrin: Não faço ideia, Carol, pois não estou no Reino Unido apurando o caso. Mas a morte teve, no mínimo, sincronicidade com os eventos.
(05:13:31) TON: Com ficará a situação do 1° ministro britânico, ja que ele é a cusado de ter ligações com familia dona do jornal? Vc acredita que ele sabia dos grampos?
(05:21:29) Ricardo Feltrin: Ton, acho que ainda não dá para se ter ideia da proporção que o caso vai tomar. O que estamos lendo no noticiário pode ser só uma pedra de gelo num iceberg, quem pode saber? Quantos outros personagens não estarão envolvidos e ainda não vieram à luz?
(05:24:27) carlinha: oq achou do pronunciamento de David Cameron ontem?
(05:25:20) Ricardo Feltrin: O Cameron está numa situação constrangedora. Como ingleses gostam de aposta, eu faço uma: aposto que ele não dura 60 dias no cargo.
(05:25:31) Emanuelle: Como você analisa a relação imprensa e políticos em funções no governo? As empresas de murdoch apoiavam abertamente a Cameron , vc acha q a contratação de u mex-editor foi uma troca de favores?
(05:27:28) Ricardo Feltrin: Emanuelle, como disse, acho surpreendente o caso, talvez porque a gente se habituou a ver o poder, as autoridades, etc. grampeando jornalistas. E não o contrário.
(05:27:45) BLABLA: Qual o maior apuro que a imprensa brasileira já passou? Houve algo parecido com o caso Murdoch?
(05:31:26) Ricardo Feltrin: Não recordo nada parecido, Blabla. O máximo que vimos nos últimos foi algum favorecimento, por parte de alguns setores da polícia e do Judiciário, à Rede Globo (por lhe dar acesso a vídeos policiais exclusivos, por exemplo). Mas isso não é um escândalo. Pelo contrário: é mérito da Globo, eu faria o mesmo.
(05:31:36) Fernando: Você considera que casos como o Murdoch fazem com que outros escândalos parecidos apareçam? Isso pode ter efeito de uma bola de neve?
(05:33:37) Ricardo Feltrin: No Reino Unido, é possível, Fernando. Quem sabe não há outras redes de escuta? Curioso, penso eu, que um povo tão fleumático e autocentrado, como o britânico, goste tanto de fofocar. Estão quase no nível dos brasileiros :)
(05:33:39) Anna: Ricardo, o fato da imprensa "mascarar" uma situação chega a ser um escândalo?
(05:34:49) Ricardo Feltrin: Não entendi bem o uso de "mascarar", mas não gosto desse verbo, ele nunca é positivo. Se puder dar um exemplo, Anna...
(05:34:52) Valeria: Ricardo Feltrin, as tais fonte anonimas que muitas vezes são citadas em artigos, não seriam também uma espécie de espionagem?
(05:37:58) Ricardo Feltrin: Não acho, Valeria, as fontes jornalísticas legítimas são, de fato, pilares ocultos da democracia. Graças às fontes a verdade, a falcatrua, a picaretagem vêm à tona. Claro que há fontes com interesses implícitos ou explícitos. Cabe ao jornalista descobrir as que são confiáveis, dignas, decentes.
(05:38:21) pierre: em que medida o escândalo afeta a credibilidade de toda a mídia britânica?
(05:41:17) Ricardo Feltrin: Pierre, a meu ver não afeta toda a mídia, apenas seu nicho mais popularesco e sensacionalista. No fundo, o "New of The World" de Murdoch fez um duplo uso financeiro das escutas ilegais: 1) deu furos em todo mundo, repercutiu mais que os outros, ganhou mais anunciantes; 2) deve ter economizado milhões de dólares em processos, usando outros trechos de gravações em "negociações" judiciais... quem poderia esclarecer mais é o correspondente em Londres, Vaguinaldo Marinheiro...
(05:43:02) Ricardo Feltrin: Vale lembrar que toda essa "escutaiada" ilegal só foi possível graças à avalanche de equipamentos e novos softwares de interceptação, relativamente baratos e fáceis de usar...
(05:41:53) danilo: Ricardo, como fica a situação de Rebekah Brooks e dos donos do jornal? Não há como acreditar na versão de que eles não sabiam de nada que acontecia na redação do jornal
(05:44:04) Ricardo Feltrin: Danilo, assino embaixo. "Não há como acreditar na versão de que eles não sabiam de nada que acontecia na redação do jornal."
(05:44:37) BLABLA: Vc acha que jornalismo de celebridades deve ser regido por regras diferentes do jornalismo em geral?
(05:48:08) Ricardo Feltrin: No Brasil, Blablazio? Não sei... Acho que temos uma cobertura de celebridades um tanto bajulativa no Brasil... Isso é histórico. Na metade final da década de 90 houve um renascimento da "fofoca" no Brasil. Foi a época que lançaram a "Caras", os sites de fofoca e, em larga escala, o sensacionalismo...
(05:49:45) Ricardo Feltrin: Após essa fase, as revistas, principalmente, pararam de fofocar e colocar fotógrafos atrás de imagens inéditas. As revistas meio que fizeram um acordo com as estrelas. E assim nasceu, por exemplo, a Ilha de Caras. É um acordo publieditorial
(05:48:14) Anna: Ricardo, se, hipoteticamente, essa situação ocorresse na Folha de S.Paulo, o que o dono do jornal diria para seus editores e repórteres?
(05:52:18) Ricardo Feltrin: Hahahaha... Anna, isso é impossível aqui. A Folha e seus jornalistas têm princípios morais pétreos, e isso vale para a cobertura de celebridades também ;)
(05:50:18) Emanuelle: Vc acredita que a imprensa ainda funciona como um"órgão fiscalizador" visto q o caso foi denunciado por outro jornal? E aqui no Brasil quedas de ministro tbm foram geradas por denuncias da imprensa e n pela oposição?
(05:53:43) Ricardo Feltrin: Claro que funciona, Emanuelle. E é esse poder fiscalizador que muitos políticos e setores da sociedade vêm combatendo nesta década. Nunca se tentou tanto culpar e amordaçar o jornalista. Denunciou sujeira? É porque você é um repórter canalha. E por aí vai...
(05:52:51) pierre: há possibilidade de responsabilização penal dos culpados?
(05:54:21) Ricardo Feltrin: Não entendo tanto do sistema penal britânico. Fosse no Brasil eu te respondia de bate-pronto, Pierre :D
(05:55:00) Gustavo: Murdoch é um milionário que fez fortuna com a compra de vários setores da mídia. A relação empresarial próxima ao jornalismo pode afetar negativamente o exercício da profissão de jornalista?
(05:55:54) Ricardo Feltrin: Qualquer grupo de comunicação que fizer acordo com governos, seja de qual monta, deve ser visto, assim como suas notícias, com reserva.
(05:56:27) Ricardo Feltrin: Abraços a todos, muito obrigado
(05:56:34) Moderadora UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Ricardo Feltrin e de todos os internautas. Até o próximo!
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