Trem-bala chinês volta a apresentar problemas elétricos

Poucos dias depois do acidente que matou ao menos 39 pessoas, o sistema de trens-bala chineses voltou a apresentar problemas semelhantes ao que provocou a tragédia. Desta vez, 20 trens da recém-inaugurada linha entre Pequim e Xangai sofreram atrasos de três horas por causa de uma pane elétrica.

Segundo a administração da linha, fortes chuvas na Província de Anhui danificaram o sistema de fornecimento elétrico. No sábado, um trem-bala que havia parado por falta de energia foi atingido por outro em cima de um viaduto.

Houve pelo menos cinco incidentes do tipo na linha Pequim-Xangai, inaugurada no início do mês. Sob forte pressão da opinião pública, o Ministério das Ferrovias anunciou ontem que fará uma ampla revisão de segurança nos próximos 60 dias em toda o seu sistema de trens-bala, o maior do mundo, com quase 10.000 km.

Apesar das restrições impostas pelo governo para a cobertura do acidente, as críticas continuam duras nos sites de relacionamento chineses.

"A China hoje é um trem viajando por uma tempestade. Ninguém de nós somos espectadores, todos somos passageiros", escreveu um usuário do site de microblogs Sina Weibo, versão local do Twitter, bloqueado no país.

Em vários sites, há também uma paródia de um cartaz de filme com fotos de altos funcionários do Ministério das Ferrovias e os dizeres: "O Céu está apenas a uma passagem de trem de distância".

Especialistas chineses vêm criticando a forma apressada com que a China construiu o seu sistema de trens-bala, cuja primeira linha foi aberta em 2007. A ferrovia Pequim-Xangai foi inaugurada seis meses antes do previsto, em 1o. de julho, véspera do aniversário do Partido Comunista.

O projeto do trem-bala era considerado uma vitrine internacional para a China, que busca ampliar exportações de alta tecnologia. Vários países, entre eles o Brasil e os EUA, vinham demonstrando interesse na experiência chinesa.

Acidentes como o de sábado são raros entre trens-bala, considerados um dos meios de transporte mais seguros do mundo. O Japão, que inaugurou sua primeira linha há 47 anos, nunca registrou um acidente fatal.