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07/08/2011 - 10h38

Pelo menos 20 morrem em operação militar na Síria

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pelo menos 20 civis morreram e dezenas ficaram feridos na cidade de Deir Ezzor, leste da Síria, depois que o Exército executou um ataque na madrugada deste domingo para reprimir a revolta contra o regime do ditador Bashar al-Assad, informou um ativista.

"As operações militares se concentram no bairro de Jura, onde os militares abriram fogo e deixaram pelo menos 20 mortos e dezenas de feridos", declarou o presidente da Liga Síria de Direitos Humanos, Abdel Karim Rihaui.

As forças de segurança prenderam várias pessoas em diversos pontos da cidade de Deir Ezzor, a 430 quilômetros ao nordeste de Damasco, completou o ativista.

Além disso, quatro civis morreram neste domingo na província de Homs (centro) em uma operação militar, segundo Rami Abdel Rahman, do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

REPRESSÃO

O presidente da Síria, Bashar al Assad, buscou justificar a repressão das autoridades no país ao afirmar neste domingo que é um "dever do Estado" proteger a segurança de seus cidadãos e agir contra aqueles que "violam a lei".

Assad fez essas declarações depois de se reunir em Damasco com o ministro das Relações Exteriores do Líbano, Adnan Mansour, segundo a agência de notícias oficial síria "Sana", num dia em que as Forças Armadas sírias intensificaram sua ofensiva sobre as cidades rebeldes de Homs (centro) e Deir ez Zor (norte).

O ditador criticou os "criminosos que violam a lei, bloqueiam estradas, fecham cidades e aterrorizam as famílias" e disse que o Estado tem a obrigação de atuar contra eles para "proteger a segurança e a vida de seus cidadãos".

Desde o início dos protestos populares contra o regime, em março passado, as autoridades sírias divulgaram a tese de que as manifestações são obra de grupos terroristas e de arruaceiros, que seguem ordens externas, enviadas pelo país que realiza uma conspiração para desestabilizar a Síria.

Assad destacou ainda que Damasco "segue o caminho das reformas com passos firmes", poucos dias após o líder anunciar a abertura do país ao multipartidarismo.

Na reunião, ambos abordaram também a situação no Líbano com o novo governo, dominado pelo grupo radical Hezbollah, e, segundo Sana, Mansour expressou ao líder sírio "a rejeição total de seu país às tentativas de ingerência externa nos assuntos internos da Síria".

OFENSIVA

Reuters
Tanques do Exército sírio são vistos em cidade de Hama, em imagem retirada de vídeo postado em rede social
Tanques do Exército sírio são vistos em cidade de Hama, em imagem retirada de vídeo postado em rede social

O Exército sírio lançou neste domingo uma dura ofensiva sobre as cidades rebeldes de Homs (centro) e Deir Ezzor (leste), que inclui o bombardeio com carros de combate sobre alguns bairros e a utilização de armamento pesado.

Vários grupos da oposição síria informaram que Deir Ezzor está sendo bombardeada, e colocaram na internet vídeos que mostram grandes nuvens de fumaça preta sobre a cidade e rajadas contínuas de disparos.

O Comitê de Coordenação Local (CCL), que comandam as manifestações contra o regime sírio, assinalou que o Exército já atacou os bairros de Muazafin, Qosur, Omal, Yura, Tob, Dahiye, Roshidye, Horiga e Hanamat, enquanto fortes explosões são ouvidas em diferentes partes da cidade.

Franco-atiradores se posicionaram nos telhados de vários prédios mais altos em Yura e na rua Wadi.

Testemunhas disseram a este grupo opositor que viram soldados desertar na área de Yura, que passaram a lutar contra as tropas do regime.

Além disso, assinalaram que o Exército e as forças de segurança rodearam a cidade totalmente e impedem que as pessoas saiam.

Já em Homs, ao menos oito pessoas, entre elas dois adolescentes, morreram neste domingo em um ataque do Exército, afirmou um porta-voz dos Comitês de Coordenação Local, Omar Edelbe.

O porta-voz explicou que as mortes ocorreram durante uma ofensiva lançada esta manhã contra Homs e acrescentou que o Exército bombardeou também vários povoados ao redor da cidade.

"Várias casas foram destruídas e a cidade está em um estado catastrófico, segundo testemunhas", disse Edelbe.

Além disso, as redes telefônicas móvel e fixa foram cortadas, assim como a eletricidade, segundo disseram moradores da cidade aos Comitês.

ONU

Os ataques deste domingo ocorrem horas após o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pedir por telefone ao ditador sírio Bashar al-Assad que ponha fim a sua campanha militar contra opositores.

"Em uma conversa por telefone com o presidente Assad, o secretário-geral manifestou sua forte preocupação e a da comunidade internacional com a crescente violência e com o número de mortos na Síria nos últimos dias", disse o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

Ban "transmitiu ao presidente sírio a clara mensagem enviada pelo Conselho de Segurança e pediu ao presidente que suspenda imediatamente o uso da força militar contra os civis", acrescentou.

Assad se defendeu novamente, argumentando que muitos agentes das forças de ordem foram assassinados nos protestos. Ban disse, por sua vez, que rejeita a violência contra civis e contra os policiais, indicou Nesirky.

"O presidente também mencionou as reformas anunciadas recentemente, e o secretário-geral ressaltou que para que estas medidas tenham credibilidade é preciso suspender imediatamente o uso da força e as prisões em massa", acrescentou.

Assad vinha se negando a atender aos pedidos de Ban, mas um comunicado do Conselho de Segurança da ONU divulgado esta semana aumentou a pressão sobre o líder sírio.

O Conselho de Segurança pediu ao secretário-geral da ONU um relatório sobre os acontecimentos na Síria e Ban prometeu tentar novamente entrar em contato com Assad.

Ao menos 2.038 pessoas, das quais 389 militares e agentes de segurança, morreram na Síria desde o início dos protestos em meados de março contra o regime de Assad, segundo informações do Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Editoria de Arte/Folhapress
Mapa Síria - capital e cidade de Hama
Mapa Síria - capital e cidade de Hama
 

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