Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/08/2011 - 02h00

Telegramas americanos relatam protestos na China em 1989

Publicidade

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O líder Deng Xiaoping (1904-1997), artífice das reformas econômicas chinesas, era chamado de "verdadeiro veneno" do país nos protestos que se seguiram à repressão contra o acampamento estudantil na Praça da Paz Celestial, em 1989.

O ataque a Deng, que presidia a comissão militar do Partido Comunista e selou a ordem para que o Exército desalojasse os manifestantes em Pequim, é um dos detalhes de relatos feitos à época por diplomatas dos EUA.

Dois telegramas recém-divulgados pelo WikiLeaks, de 4 e 5 de junho de 1989, descrevem manifestações em Chengdu (sudoeste) e em Shenyang, Dalian e Harbin (nordeste).

Em Shenyang, uma "marcha fúnebre" com 5.000 universitários percorreu a cidade pedindo o "enforcamento" do premiê Li Peng. Os jovens levavam cartazes contra o "fascismo" e cantavam a "Internacional".

"Atire contra nós, somos culpados de patriotismo", dizia uma faixa. As pessoas na rua "pareciam entristecidas e solidárias" aos estudantes, diz o relato. Aplaudiram a marcha, sem aderir.

Não houve repressão, segundo o diplomata. "Em nenhuma das cidades do nordeste foram observadas concentrações de militares e policiais, apesar de alguns observadores terem relatado ver policiais à paisana."

Em Chengdu, o ato foi liderado por trabalhadores em greve e jovens desempregados, na praça central, perto de uma estátua de Mao Tsé-tung. "A multidão chega a 10 mil pessoas, e elas interromperam o tráfego na área", conta o diplomata.

"A polícia recuou para o complexo governamental. Não há soldados nos portões das principais universidades", continua. O texto cita um alto funcionário da Universidade de Sichuan que fala em nove mortos.

Até hoje, não se sabe o número exato de vítimas da repressão ao acampamento pró-democracia que começou em abril em Pequim -o governo chinês fala em mais de 300. Segundo a maioria das testemunhas, as mortes na capital não ocorreram na praça da Paz, mas em avenidas de acesso a ela.

Os protestos marcaram um momento crítico da reforma iniciada 11 anos antes -havia um surto inflacionário, a desigualdade aumentava e muitos dirigentes eram acusados de corrupção pelos líderes estudantis.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página