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07/09/2011 - 08h09

Havia cheiro de queimado e de corpos no ar, lembra americana sobre 11/9

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MÁRCIA SOMAN MORAES
DE SÃO PAULO

A americana Halleh Fouledi, 38, mal podia acreditar no que estava acontecendo naquele 11 de setembro de 2001. Ela morava a poucas quadras do World Trade Center e viu um cenário desolados de corpos e destroços nas ruas da região.

Por sorte, Halleh e sua família não estavam em casa naquele dia. Ela, seu marido e sua filha, então com quatro meses, haviam dormido na casa de seus pais em Long Island, após a festa de noivado de um primo.

Na manhã seguinte, seu marido estava dirigindo até o trabalho, quando viu o primeiro avião atingir a torre norte do World Trade Center.

Arquivo pessoal
Halleh Fouladi com seu marido, Sam, e suas filhas; eles moravam ao lado do World Trade Center
Halleh Fouladi com seu marido, Sam, e suas filhas; eles moravam ao lado do World Trade Center

Halleh já estava no trabalho, a menos de 8km do complexo, e viu a notícia na televisão que permanecia ligada todo o tempo. "Eu não pensei por um segundo que era um ataque, achei que era um acidente", disse.

Quando o segundo avião bateu na torre sul, Halleh viu ao vivo na televisão, ao lado dos colegas. "Eles diziam que podia ser um ataque terrorista, mas era difícil de acreditar", lembra a analista contábil.

Pouco depois da segunda colisão, o prédio onde Halleh trabalhava, uma agência de notícias internacional, foi esvaziado. "As pessoas estavam com muito medo, elas não sabiam o que pensar, o que estava acontecendo. Elas estavam em choque. Como éramos uma empresa internacional, nós poderíamos ser um alvo", disse.

Halleh tentou então ligar para o marido, mas as linhas estavam congestionadas. Sem conseguir falar com ela, Sam decidiu caminhar os cerca de 2,5 km do seu trabalho até o dela.

"Eu e meu marido estávamos chorando e foi muito bom nos vermos. Estávamos felizes que nossa família estava bem", disse Halleh.

Ela voltou então ao seu escritório apenas para pegar suas coisas e partiu, a pé, para o prédio onde o marido trabalhava. "Não sabíamos o que fazer. As pontes e os túneis ficaram fechados, não havia como se locomover. Nós ficamos no escritório dele vendo as notícias, esperando instruções sobre o que fazer a seguir", lembra.

Horas depois, aproximadamente às 17h, Halleh e Sam conseguiram uma carona com um amigo que os levou até a casa dos pais dela.

POEIRA

Halleh voltou para o apartamento onde morava dias depois, violando a proibição das autoridades legais, para pegar seus documentos e itens mais valiosos. Ela lembra de um cenário de guerra nas ruas, com sacos de corpos em todos os lugares.

"Toda a rua, parecia uma zona de guerra, era terrível. Havia um cheiro de queimado, de corpos, era muito assustador", diz Halleh.

Ela conta ainda que havia carrinhos de bebê na rua, o que a fez pensar quão sortuda era de que sua filha, excepcionalmente, não estava na creche, que ficava a pouco mais de 1 km do WTC.

O prédio onde morava havia sofrido com o impacto dos ataques. Havia rachaduras nas paredes, as janelas estavam quebradas e havia muita poeira em todos os lugares. Ela preferiu então jogar tudo fora, lençóis, colchão, toalhas.

Halleh disse ainda que as autoridades haviam colocado um aviso de que a qualidade do ar estava muito ruim e sugerindo que os moradores não ficassem por lá.

"Dias depois, eles disseram que a qualidade estava boa novamente, mas não estava. Escolhemos não voltar porque nossa filha era muito pequena e podia afetar sua saúde", contou a analista, que nunca mais morou na região.

"Não parecia real, não consigo explicar. Era tão estranho, tão intenso, não parecia que estava acontecendo", resume.

 

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