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08/09/2011 - 18h05

Fundamentalistas islâmicos ainda são grande ameaça aos EUA, diz jornalista

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DE SÃO PAULO

O jornalista Igor Gielow, 38, secretário de Redação da Sucursal de Brasília da Folha, participou de bate-papo nesta quinta-feira (8) sobre os dez anos dos ataques terroristas aos EUA, em 11 de setembro de 2001.

Gielow viajou em junho e agosto aos EUA, Iraque, Paquistão e Afeganistão para uma série de reportagens sobre o pós-11/9.

Folhapress
Igor Gielow, secretário de Redação da Sucursal de Brasília da <b>Folha</b>
Igor Gielow, secretário de Redação da Sucursal de Brasília da Folha

Para o jornalista, os fundamentalistas islâmicos seguem sendo uma grande ameaça não só para os EUA, mas também do Ocidente como um todo. "Mas claro, há nuances e novos desafios estratégicos no horizonte, como o crescimento da China e sua influência na Ásia", disse Gielow durante o bate-papo

Participaram do bate-papo 248 pessoas.

O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

*

Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com o jornalista Igor Gielow sobre os 10 anos do 11 de setembro. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(05:02:59) Igor Gielow: olá, boa tarde a todos. bem, estou à disposição.

(05:03:21) cacá fala para Igor Gielow: olá Igor. Você sabe se domingo terá algum evento em NY para o 11/9? Abraço

(05:04:14) Igor Gielow: cacá, sim, haverá uma série de eventos em nyc, em washington e, salvo engano, na pensilvânia (onde caiu o quarto avião). em nyc, no fim do dia irão acender novamente os refletores para formar as ´torres´ de luz azul.

(05:04:36) Maíra fala para Igor Gielow: Boa tarde, vc concorda com o fato de sempre enfatizarem tanto essa data?

(05:05:21) Igor Gielow: Maíra, é uma data importante da história recente e um grande trauma nacional nos EUA, acho natural que o relembrem.

(05:05:41) bruno fala para Igor Gielow: como o povo do Oriente Médio encara esse acontecimento?

(05:07:05) Igor Gielow: bruno, é impossível falar pelo povo do oriente médio como um todo. posso dizer que há uma percepção generalizada, entre os muçulmanos, de que os efeitos das guerras que seguiram o 11/9 em suas populações não são tão comentados quanto o dia dos atentados em si.

(05:07:24) Geraldo fala para Igor Gielow: oq você aprendeu em sua série de reportagens sobre o tema?

(05:08:00) Igor Gielow: Geraldo, fica difícil falar especificamente, pois já são dez anos cobrindo o tema. cada reportagem é um aprendizado em si.

(05:08:15) blake pergunta para Igor Gielow: Boa tarde,Igor, voce acredita que o mundo corre um risco ainda maior hoje desse tipo de terrorismo, uma bomba "suja",por ex.?

(05:09:00) Igor Gielow: blake, terrorismo sempre vai existir. efetivamente, houve sucesso no combate à al qaeda (os EUA não tiveram, até este minuto, nenhum grande atentado desde 2001). mas sempre haverá o perigo.

(05:09:27) lucy fala para Igor Gielow: Igor, vc acha possível um novo ataque por lá, ainda mais na mesma data?

(05:09:55) Igor Gielow: lucy, impossível não é, mas naturalmente estão com todas as atenções redobradas para que não ocorra.

(05:10:28) Duda fala para Igor Gielow: vc acha que, com a morte do Bin Laden, os eventos para relembrar a data será ainda mais 'intenso"?

(05:11:20) Igor Gielow: Duda, não sei se entendi o que vc quis dizer com intenso, mas o fato é que a morte de Bin Laden antes de os ataques completarem dez anos foi politicamente ótima para o governo americano.

(05:11:38) Kako fala para Igor Gielow: Os EUA planejam construir novas torres gêmeas no lugar das atingidas. Mas não será um lugar mal visto. E os riscos de serem atingidas outra vez?

(05:12:27) Igor Gielow: Kako, na verdade é um conjunto de prédios, e não torres gêmeas como antes. Risco sempre há, mas hoje um atentado daquele tipo é muito mais difícil.

(05:12:41) allyfer fala para Igor Gielow: Boa tarde!! você acredita que pode ter ocorrido influência do governo dos EUA nesse atentado?

(05:13:31) Igor Gielow: allyfer, se vc me pergunta sobre as teorias conspiratórias de que os EUA sabiam ou estiveram por trás dos ataques, apenas digo: são nada, só teorias conspiratórias.

(05:13:49) Karina fala para Igor Gielow: Qual é a sensação de estar naquele local dez anos depois?

(05:14:37) Igor Gielow: Karina, é um pouco estranho, porque as obras realmente estão aceleradas, então não é mais aquela coisa de um grande vazio. Causa algum estranhamento.

(05:14:50) Gael fala para Igor Gielow: Após 10 anos dos atentados, quais as mudanças na cultura americana desde aquela época?

(05:15:19) Igor Gielow: Gael, desculpe, mas vc fala cultura em que sentido?

(05:15:30) Marco Aurélio fala para Igor Gielow: Igor, o que vc poderia destacar que mudou consideravelmente nos EUA após os ataques? (Sem contar a questão da segurança))

(05:17:22) Igor Gielow: Marco Aurélio, os EUA se jogaram numa reação unilateral e militarista que custou muito caro e agora está tendo de ser desmontada. Com a importância dada às guerras, sobrou espaço político para a China continuar sua ascensão, e mesmo países laterais ganharam maior peso econômico e voz no mundo. Politicamente, os EUA estão num momento de refluxo _sem esquecer que seguem sendo a mais poderosa nação do mundo.

(05:18:14) FelipeBAC fala para Igor Gielow: Igor, o custo das guerras do Afeganistão e Iraque ainda podem ser uma arma para os democratas nas eleições do anoque vem?

(05:19:19) Igor Gielow: FelipeBAC, o Obama já se elegeu em grande parte por representar uma reação à guerra. Anunciou o fim da guerra do Iraque e a redução das tropas no Afeganistão, então essa é uma carta que já está meio jogada _e, claro, basta um atentado para mudar tudo.

(05:19:25) G Bros fala para Igor Gielow: Você esteve no Afeganistão em vários momentos. Quando você considerou mais "perigoso" estar lá?

(05:20:28) Igor Gielow: G Bros, a guerra ficou mais perigosa com o passar do tempo. Em 2001, bem ou mal vc sabia onde estava a linha de frente, onde as bombas caíam. Depois, com a proliferação de atentados, a sensação de insegurança e risco iminente é bem maior

(05:20:55) eder fala para Igor Gielow: Igor, a primavera aumenta ou diminui o riscos de novos ataques como o 11/09?

(05:22:08) Igor Gielow: eder, vc se refere à primavera árabe? se sim, não vejo relação alguma com riscos de atentados no ocidente (a não ser, talvez, algum partidário de gaddafi fazendo sua vingança pessoal).

(05:22:47) cetico fala para Igor Gielow: Boa tarde. Me fala uma coisa: Você acha que a posição americana com relação ao estado de Israel mudou em algum aspecto após os atentados do 11 de setembro?

(05:24:11) Igor Gielow: cetico, a questão é que os EUA, principalmente a partir da guerra no Iraque, perdeu muito em credibilidade e peso para servir de mediador no conflito Israel/Palestina. Não por acaso os israelenses endureceram sua posição.

(05:24:36) Karina fala para Igor Gielow: Você acha que a biblía cristã tem alguma coisa a ver com o ataque já que em Matheus 7 ele descreve um ataque mas em forma de enigma.Você acha isso possivel?

(05:25:01) Igor Gielow: Karina, não.

(05:25:13) michael.sp fala para Igor Gielow: normalmente paises como os estados unidos possuem uma estrutura para detectar aeronaves, o que aconteceu naquele dia que apos o impacto da primeira nave eles não viram a segunda??? Por que não ocorreu uma interferência afinal existe pessoas que trabalham 24 horas por dia para isso?

(05:26:25) Igor Gielow: michael.sp, isso foi muito discutido já. o que ocorreu foi uma descoordenação muito grande, já que o sistema de defesa aérea (militar) funciona lá de forma independente do controle de tráfego aéreo (civil).

(05:27:03) Gael fala para Igor Gielow: Os inimigos dos EUA ainda são os mesmos daquela época?

(05:28:07) Igor Gielow: Gael, os fundamentalistas islâmicos seguem sendo grandes adversários não só dos EUA, mas também do Ocidente como um todo. Mas claro, há nuances e novos desafios estratégicos no horizonte, como o crescimento da China e sua influência na Ásia.

(05:28:44) blake pergunta para Igor Gielow: Igor, os eua, com relações estremecidas com o paquistão e de saída do afeganistão, não ficaria vulnerável à formação de novas células terroristas naquela região?

(05:29:11) Bernardo Hoffman fala para Todos: Acho que os inimigos dos EUA são os inimigos da democracia, do capitalismo e de outros valores como tais. O que vocês acham?

(05:29:49) Igor Gielow: blake, é realmente um problema, porque aquela região historicamente fomenta grupos extremistas. Como se sabe, o Paquistão incentivou a criação de vários deles para servir de linha auxiliar no seu conflito histórico com a Índia _embora agora muitos tenham se tornado um problema para o próprio Paquistão.

(05:30:09) Bernardo Hoffman fala para Igor Gielow: Qual foi a sua reação quando soube da notícia e viu as fotos do ataque? Eu, particularmente, imaginei tratar-se de um ataque alienígena.

(05:31:03) Igor Gielow: Bernardo Hoffman, eu estava numa região sem contato com o mundo, no interior da Mongólia. Só soube no dia 12, e naturalmente fiquei chocado com o tamanho do ataque.

(05:31:31) PnD fala para Igor Gielow: Você observa os eventos posteriores ao 11/09, as guerras do Afeganistão e Iraque, como auge do poder americano ou como ponto de declínio de sua influência sobre o globo?
(05:32:34) Bernardo Hoffman fala para Todos: Se a igreja católica tivesse esperado mais um pouquinho, teria "divulgado" que o terceiro segredo de Fátima seria o atentado ao WTC.

(05:33:17) Igor Gielow: PnD, muitos analistas tendem a ver isso, mas eu acho absolutamente cedo demais para decretar esse declínio. O que dá para dizer, creio, é que a ideia de uma superpotência hegemônica ficou mais comprometida _mas daí a dizer que os EUA estão em decadência irreversível vai uma grande distância.

(05:33:26) Ismael fala para Igor Gielow: Após 10 anos do 11 de setembro, ainda ouvimos falar das teorias conspiratórias, onde colocam os EUA como os verdadeiros organizadores daquele trágico dia, dizem que a mídia também esta por trás da tal conspiração. o que voce acha de tudo isso como jornalista.

(05:33:54) Igor Gielow: Ismael, eu não acredito em teorias conspiratórias.

(05:34:00) michael.sp fala para Igor Gielow: olá, a vários locais que poderiam ser atacados como a casa branca, porque que escolheram as torres gémeas???

(05:34:46) Igor Gielow: michael.sp, até hoje suspeita-se que a casa branca era o alvo do quarto avião, o que caiu na pensilvânia. agora, do ponto de vista de imagem, as Torres Gêmeas eram um alvo óbvio, representando o poder do capitalismo ocidental.

(05:34:52) Bernardo Hoffman fala para Igor Gielow: Dez anos depois, as "causas" que teriam levado os terroristas ao ataque continuam existindo?

(05:35:57) Igor Gielow: Bernardo Hoffman, sim, do ponto de vista do discurso original de Bin Laden (retirada da presença americana do Golfo Pérsico, em especial da Arábia Saudita, por exemplo)

(05:36:05) Diogo fala para Igor Gielow: O que muda, com a morte do bin landen, no combate ao terrorismo?

(05:37:11) Igor Gielow: Diogo, o anúncio da morte foi um golpe duro na Al Qaeda, e fica claro que os EUA seguirão com operações mais focadas (uso de aviões-robô, tropas especiais) em vez de ações em larga escala.

(05:37:23) FelipeBAC fala para Igor Gielow: Igor, gostaria de fazer uma pergunta que o jornalismo não aborda muito. Mas, você que conviveu com todos esses dez anos, sabe dizer se os americanos passaram a enxergar o mundo de outra maneira mesmo? Dá para quantificar a perda de auto-estima deles?

(05:39:42) Igor Gielow: FelipeBAC, provavelmente há pesquisas que quantifiquem e qualifiquem isso, então eu corro o risco de só chutar. Mas, levando em conta meus contatos pessoais com americanos, acho que parte da sociedade se viu um pouco mais como um pedaço do mundo, vulnerável e tal. A crise de 2008 e seu desenrolar, mais que os ataques, acho, é responsável por isso.

(05:40:00) Bernardo Hoffman fala para Igor Gielow: Qual a dimensão que você daria ao 11 de Setembro dentro da história da humanidade? Tera sido realmente um divisor de eras?

(05:41:02) Igor Gielow: Bernardo Hoffman, isso é impossível de saber agora. Certamente, será uma data importante em livros de história, mas se vai ser encarada como um divisor de águas, me parece muito cedo para saber.

(05:41:08) Piracamp fala para Igor Gielow: Boa Tarde se o 11 de setembro não tivesse ocorrido a crise dos EUA de hoje existiria?

(05:41:56) Igor Gielow: Piracamp, o 11 de setembro levou às guerras, que pioraram e muito a situação fiscal dos EUA. Mas, isoladamente, não dá para dizer que a crise não existiria, porque ela tem muitos outros fatores.

(05:41:57) Bernardo Hoffman fala para Todos: O fato é que fomos testemunhas de um divisor de eras. Esperemos que esta nova era seja a era da concórdia e da paz, e que estejamos apenas no limiar da mesma.

(05:42:15) VictorWave fala para Igor Gielow: Ola, desejo primeiramente boa noite a todos. Igor Gielow, são verdadeiras as imagens que mostram Bush em uma escola no momento do atentado, e quando ele(Bush) soube não fez nada a respeito?

(05:43:34) Igor Gielow: VictorWave, sim, ele estava na escola. Em uma entrevista recente, disse que não parou o que estava fazendo porque não queria gerar pânico e porque não tinha muitas informações. Mas quase imediatamente foi montado um pequeno ´quartel-general´ na escola. Então, dizer que ele ´não fez nada´ não é exatamente preciso.

(05:43:34) Rafael fala para Igor Gielow: Igor, o 11 de Setembro sem sombra de dúvida foi um ocorrido que deixou muitas pessoas com medo; Mais o Governo Americano se amendrontou perante este ataque?

(05:43:49) Bernardo Hoffman fala para Todos: Acho que o avanço das revoltas populares no Oriente Médio é uma das consequências do 11/9. O mundo anseia por Liberdade. É o início do fim dos regimes totalitários em geral.

(05:44:32) Igor Gielow: Rafael, por tudo o que aconteceu na época e nos anos seguintes, dá para dizer que o governo dos EUA foram pegos de surpresa. Mas que logo depois usaram a retórica do medo para tocar em frente sua agenda.

(05:44:44) astroboy fala para Igor Gielow: Como você vê os diversos movimentos que existem, dentro e fora dos EUA para se efetuar nova investigação sobre o 911, pois existem indícios claros de fraudes na investigação oficial?

(05:45:45) Igor Gielow: astroboy, não tenho nenhum elemento para dizer que existe indício claro de fraude na investigação. Pode haver falhas, podem ter deixado responsabilidades de fora.

(05:45:51) G Bros fala para Igor Gielow: o que vc acha que motiva um piloto de jato a cometer um ato como o de 11 de setembro?

(05:47:09) Igor Gielow: G Bros, os terroristas não eram pilotos de jato profissionais. Inclusive treinaram apenas para ´voar´ o avião, não para pousá-lo. Então, dá para questionar o que leva uma pessoa a fazer aquilo _e aí entra fanatismo, motivação ideológica, desequilíbrio.

(05:47:15) zeaccioly fala para Igor Gielow: Você acha que o ataque terrotista contribuiu para a mudança das Relações Exteriores do Brasil com os países do eixo terrorista e com o próprio EUA?

(05:48:33) Igor Gielow: zeaccioly, não, a mudança da orientação da política externa brasileira tem mais a ver com a percepção de que o país precisava ter uma voz mais ativa, condizente com sua crescente importância econômica. Se o tom e a orientação foram corretos, essa é outra questão.

(05:48:57) Igor Gielow: Bem, o tempo acabou. Agradeço a todos que estiveram aqui e pelas perguntas. Obrigado, boa tarde.

(05:49:09) Moderadora UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Igor Gielow e de todos os internautas. Até o próximo!

 

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