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O 11/9, a Al Qaeda e o Tea Party
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MÓISES NAÍM
COLUNISTA DA FOLHA
As reações norte-americanas ao 11 de Setembro se enquadraram em três categorias gerais: resposta militar, segurança interna e interpretação intelectual.
A primeira levou às guerras do Afeganistão e Iraque e, em termos mais amplos, à guerra mundial contra o terrorismo, enquanto a segunda resultou em um esforço muito grande e dispendioso para fortificar as fronteiras dos Estados Unidos e proteger o território norte-americano contra ataques terroristas.
A terceira tem por foco compreender os motivos do 11 de Setembro e o que precisaria ser feito para controlar as forças que conduziram à ascensão do antiamericanismo islâmico homicida.
"Por que eles nos odeiam?" passou a ser uma pergunta a que muita gente tentou responder nos EUA. Um grande tema que emergiu nos debates posteriores ao 11 de Setembro sobre as causas e soluções para essa nova ameaça foi a necessidade de recrutar e mobilizar "o centro muçulmano": os moderados muçulmanos que poderiam compensar os extremistas fanáticos e violentos que tomaram o islã como refém -a Al Qaeda e seus financiadores.
Essa empreitada continua em curso e ainda não se pode determinar se as revoluções da Primavera Árabe resultarão em coalizões mais radicais e mais hostis ao Ocidente, nos governos do Oriente Médio, ou se surgirá uma nova classe de influentes muçulmanos moderados. Porém, passados dez anos do 11 de Setembro, é aparente que para promover a estabilidade mundial precisaremos que outro grupo de moderados desperte e reconquiste a influência perdida para radicais perigosos.
Refiro-me aos moderados do Partido Republicano nos EUA. Precisamos deles tanto quanto precisamos de líderes islâmicos moderados. Os acontecimentos recentes nos EUA -as negociações quanto ao limite para as dívidas federais- demonstram a urgência de um despertar político de uma variedade menos extremista de republicano.
O que representa maior ameaça à segurança internacional e à estabilidade econômica mundial: um grupo cada vez menor de extremistas islâmicos determinado a impor aos outros uma interpretação grotescamente distorcida de uma grande religião ou um grupo de poderosos políticos norte-americanos que acreditam que Darwin, Keynes e a esmagadora maioria dos cientistas que estudam o clima estão errados? É evidente que precisamos do avanço político dos muçulmanos moderados. Mas precisamos de modo igualmente desesperado de republicanos moderados com o poder para resistir e combater a agenda extremista do pequeno grupo que assumiu o controle de seu partido.
Ambos os grupos -os islâmicos radicais e os republicanos radicais dos EUA- defendem agendas que -como demonstram as pesquisas de opinião- não representam a maioria das comunidades que alegam representar.
Essa é uma história de alcance mundial, que conecta o aniversário do 11 de Setembro, a Al Qaeda e o Tea Party a debates muito importantes e atuais, com consequências para todos nós.
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