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12/09/2011 - 08h30

Despesas com guerras dificultam recuperação

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ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A catástrofe econômica amplamente esperada como efeito imediato dos atentados de 11 de Setembro não aconteceu. Ao contrário, a primeira metade da década passada acabou marcada pela prosperidade econômica.

Mas seria ilusório achar que as economias americana e mundial sobreviveram incólumes ao ataque terrorista.

Mais do que o evento em si, a reação das autoridades americanas aos ataques criou uma dinâmica de gastos públicos que contribui para a dificuldade que os Estados Unidos enfrentam em reativar sua economia desde a crise financeira de 2008.

"O impacto imediato foi superestimado. O custo da perda econômica gerada pelos atentados foi menor do que se temia na época", afirma Arvind Subramanian, pesquisador do Peterson Institute for International Economics.

"Por outro lado, as duas guerras que sucederam os ataques tiveram um enorme impacto fiscal cujos efeitos são hoje sentidos."

Esse diagnóstico é consenso entre os demais especialistas. Segundo Eric Leeper, professor de Economia da Universidade de Indiana, o governo americano já desembolsou cerca de US$ 1 trilhão com despesas para aumentar seu aparato de segurança após 11 de Setembro.

A Universidade Brown calcula em US$ 4 trilhões os gastos diretos e indiretos gerados pelas guerras no Afeganistão e no Iraque. Somados, os dois valores representam cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA, a maior economia do mundo.

O elevado dispêndio com segurança é citado como uma das causas principais do rombo nas contas públicas do país. O resultado fiscal (receitas menos despesas) americano saiu de um superavit em 2001 para um deficit de quase 9% do PIB no ano passado.

Segundo Subramanian, outras fontes do forte crescimento no deficit orçamentário foram os cortes de impostos promovidos durante a gestão de George W. Bush (2001-2009), os gastos para resgatar instituições financeiras na crise de 2008 e a injeção de recursos públicos na economia desde então.

MAIS INVESTIMENTO

Alguns economistas defendem mais gastos públicos para tentar reativar a economia, que passa por uma recuperação anêmica. Mas políticos do Partido Republicano se opõem à ideia e propõem cortes de gastos. O problema é que, tradicionalmente, são contrários à redução das despesas com segurança.

"Os republicanos querem um Estado mínimo, mas um papel que eles defendem é o do governo como provedor de segurança", afirma Leeper, que participou de um debate sobre a situação fiscal dos EUA no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa, de São Paulo) na última semana.

Na opinião do economista Vincent Reinhart, do American Enterprise Institute for Public Policy Research, seria difícil reduzir gastos com segurança porque uma das principais consequências do 11 de Setembro foi alimentar a cultura do medo.

O aumento do custo de viagens, seguros e, em menor escala, do preço do petróleo, segundo especialistas, tem ligação com os atentados.

Reinhart, porém, destaca um lado positivo da resposta aos ataques: a geração de postos de trabalho de baixa qualificação por conta dos investimentos em segurança.

Mas, de forma geral, economistas acreditam que o balanço do dia para a economia americana é negativo.
"As guerras e a crise econômica contribuíram para essa imagem dos EUA como um poder desgastado. Essa decadência ajuda a polarização crescente da sociedade americana", afirma.

 

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