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'Me perguntei se assistiria à minha própria morte', diz sobrevivente
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DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO
Genelle Guzman-McMillan, 40, estava no 64º andar da torre norte do WTC quando um avião se chocou com o edifício. O prédio se desfez enquanto ela estava no 13º, a caminho do térreo.
Leia o depoimento dado à Folha:
Quando conto minha história, consigo ver sorrisos. Sou a prova de um milagre.
Não consigo nem descrever a queda do prédio. Foi como um filme da franquia "Duro de Matar". Aconteceu tão rápido --o lugar simplesmente ficou escuro e poeirento, com destroços me acertando vindos de todos os lados.
Quando percebi que estava presa embaixo dos escombros, pensei que aquilo não podia ser real. "Eu tenho de estar sonhando", imaginei.
Então vi que era de verdade, e me perguntei se eu assistiria a mim mesma morrendo. Preparei-me para morrer.
Se você me disser que passou 27 horas fazendo alguma coisa, qualquer coisa, vou lhe dizer: "É bastante tempo!".
Mas passei 27 horas embaixo dos destroços da torre com uma perna esmagada, sem conseguir me mover. Não sabia que seria socorrida.
Tentei chorar, mas as lágrimas não vinham. Eu estava chorando, mas por dentro.
Só chorei de verdade quando encontrei meu namorado no hospital. Eu havia conversado com ele por telefone, antes de tentar sair do prédio.
Ainda é surreal pensar nesse dia. Por que eu? Sou algo como "a escolhida"? Faço essas perguntas diariamente.
Tenho algumas das respostas, mas não todas. Está bem, não era a minha hora -mas era a de todos os meus amigos que estavam nos prédios?
PROPÓSITO
Os atentados sempre serão alguma coisa no fundo da minha cabeça. Mas eu escolhi não me importar. Estou viva, e isso me dá ainda mais vida.
Não é doloroso falar sobre 11 de Setembro. Não me assusto se vejo fotos dos ataques. Eu fortaleci minha crença --Deus realmente tem um propósito para mim. Escolhi ter fé, em vez de medo.
Debaixo dos escombros das Torres Gêmeas, minha vida mudou absurdamente.
Eu não comemorei a morte de Osama bin Laden. Foi um momento humilde, para mim. Fiquei feliz. Estava na hora de eles conseguirem.
Eu trabalho, hoje, como supervisora na autoridade portuária, no aeroporto de La Guardia, em Nova York.
Nunca gostei de aviões. Mas então penso --ter medo do quê? Se fosse minha hora de ir, eu já estaria bem adiantada. Conheço o caminho.
Levo uma vida normal. Ninguém saberia que eu sou uma sobrevivente se isso não estivesse nos jornais.
Tenho a ferida na perna que foi esmagada, e eu manco --é possível notar enquanto eu subo uma escada. Mas eu ainda uso meu sapato com salto de 12 centímetros.
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