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12/09/2011 - 10h27

Sem o 11/9, Obama não teria posado com camisa do Flamengo

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RUY CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

É só no futebol que, como se diz, o se não joga. Na vida real, joga, sim. Se, por exemplo... Não tivesse havido o 11/9, as Torres Gêmas continuariam inspirando aquela arquitetura nas nuvens que, como se provou tragicamente, era uma falsa boa ideia.

O ditador Saddam Hussein estaria vivo --não que o mundo tivesse motivo para vibrar com isso--, mas, dez anos depois, Saddam seria um macróbio inofensivo e cercado de netos, embora com o cabelo e o bigode mais pretos do que um disco de vinil.

George W. Bush não teria sido reeleito presidente dos EUA -e isto, decididamente, o mundo acharia formidável.

Barack Obama, então senador pelo Estado de Illinois, continuaria sendo um político desconhecido -porque não teria havido a conjunção de fatores que precipitou a sua tsunami direto para Washington. Consequentemente, Obama não teria vindo ao Rio em 2011 como presidente e posado com uma camisa do Flamengo.

Osama bin Laden, de quem nunca se ouvira falar, não precisaria ter passado dez anos escondido em cavernas e fortalezas.

Poderia viajar, hospedar-se em bons hotéis com seu próprio nome, namorar belas mulheres, sair para dançar e, quem sabe, até fantasiar-se de terrorista no Carnaval.

Os brasileiros continuariam a tirar o visto de entrada nos consulados dos Estados Unidos com relativa tranquilidade -sem ter de se sujeitar às caras irritadas, às perguntas antipáticas e às duras humilhações impostas pelos funcionários americanos a pessoas cujo único objetivo na viagem é tirar uma foto com o Pateta.

Moradores respeitados em seus condomínios, ilibados pais de família, associados do Rotary Club, torcedores da Portuguesa de Desportos, ministros brasileiros e outros cidadãos acima de qualquer suspeita não precisariam rebaixar-se a tirar o sapato em aeroportos ao embarcar para Miami ou Nova York.

Milhares de pessoas em toda parte do mundo estariam se dedicando a atividades mais produtivas e menos antipáticas que a de vasculhar bagagens de mão contendo perigosos objetos perfurocortantes, como tesourinhas de unhas, ou inflamáveis, como gel antisséptico.

Mais do que tudo, as mulheres poderiam continuar levando em suas bagagens de mão aqueles perigosos artigos de que elas não gostam de se separar, como cremes, óleos e xampus, sem ter de espremê-los em frasquinhos de 20 ml para caracterizar que não são bombas.

E, não tivesse havido poucos meses antes o 11 de Setembro, eu próprio não teria apertado por engano o botão de "emergenzia" na imigração do aeroporto em Roma e disparado uma campainha em estéreo e dolby, atraindo para mim um bando de sujeitos uniformizados, armados e tão assustados quanto eu.

Que só se tranquilizaram quando viram que o responsável pelo falso alarme era um coroa brasileiro com a mala cheia de discos da Rita Pavone e comédias do Totó.

 

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