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BID traça cenário sombrio para Europa
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ANDREA MURTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE WASHINGTON
Já estamos em uma crise bancária internacional, o cenário mais provável é de reestruturação ou calote da dívida de boa parte dos europeus --a começar pela Grécia-- e, sim, a América Latina deverá ser afetada.
O cenário sombrio foi traçado nesta sexta-feira em Washington durante painel de economistas reunidos no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a poucos quarteirões de onde ocorria a reunião de outono do FMI (Fundo Monetário Internacional.
Para Raghuram Rajan, professor de finanças da Universidade de Chicago, muitos concordam que a dívida grega é insustentável e o país precisa de uma séria reestruturação (adiamento da maturação de títulos e outras medidas de 'calote' suave).
"Até quanto vão empurrar a situação? Eventualmente alguém vai ter que ceder. A questão é se será agora ou em seis meses."
Rajan prevê duas saídas. A primeira pode ajudar na ausência de uma grande mudança no cenário atual e tem a ver com um eventual novo governo de unidade nacional na Itália.
Esse governo poderia enviar uma mensagem positiva de consolidação (aperto) fiscal e reforma estrutural. "Se a Itália melhorar e a Grécia conseguir se segurar mais um pouco, o pior poderia ser evitado."
Outra saída mais drástica, para ele, seria o FMI assumir as rédeas da contenção da crise, demandando reestruturação na Grécia e criando novas linhas de crédito para Espanha e Itália.
Carmen Reinhart, analista do Instituto Peterson para Economia Internacional, foi ainda mais pessimista. Para ela, a única pergunta agora é se a crise atual terá a mesma magnitude da de 2008. "A perspectiva básica é de reestruturação na Europa, combinada com apoio internacional", disse, prevendo essas ações não só na Grécia mas também na Irlanda e em Portugal.
Ela projeta para economias maiores, incluindo EUA, período prolongado de crescimento baixo e alto desemprego, que levam a políticas monetárias acomodativas (basicamente, juros baixos para aumentar a oferta de crédito).
Os panelistas temem que a provável piora da crise europeia se espalhe para a América Latina devido `a grande exposição do sistema bancário da região aos bancos europeus.
Liliana Rojas-Suárez, do Centro para Desenvolvimento Global, baseado em Washington, calcula que se um choque sério chegar mesmo os países onde a integração com os europeus é maior terão contração de ao menos 20% no crescimento real do crédito. Brasil, Argentina, Colômbia e Venezuela teriam contração de 15% em média.
Isso ocorre porque os bancos europeus congelariam empréstimos aos bancos latinos.
E Rojas alerta que a capacidade dos países de resistir aos choques --Brasil inclusive-- caiu desde 2007. "O próximo choque está chegando antes de as economias estarem totalmente recuperadas do último. Não conseguirão reagir da mesma forma desta vez", disse.
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