Na Líbia, rebeldes recuam sob fogo cruzado de leais a Gaddafi

As forças do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político dos rebeldes líbios), que cercavam os últimos homens leais a Muanmar Gaddafi em dois bairros da cidade de Sirte, recuaram dois quilômetros nesta quinta-feira sob fogo cruzado.

"Tivemos que nos retirar para o quartel-general da polícia (próximo à praça central da cidade) e vamos utilizar artilharia pesada para atacar as forças de Gaddafi", declarou Hamid Neji, combatente pró-CNT.

Antes do revés, os comandantes do CNT haviam anunciado que os adversários estavam cercados em dois setores da cidade, o bairro Dollar, na parte alta ao oeste, e no bairro Nº 2, à margem do Mediterrâneo.

"Pensamos que ainda vamos precisar de três dias para capturá-los", afirmou Yahya al Moghasabi, um dos comandantes do CNT, antes de afirmar que seus combatentes evitaram usar artilharia pesada para não atingir os civis que permanecem bloqueados.

Após quatro semanas de bombardeios e de intensos combates urbanos, a cidade de Sirte está em ruínas. As ruas estão repletas de carros queimados e nenhum edifício ficou intacto.

	Bela Szandelszky/Associated Press
	Combatentes líbios anti-Gaddafi atacam forças leais ao ditador no oeste de Sirte nesta quinta-feira

DETENÇÕES

Mais cedo, combatentes rebeldes anunciaram a captura em Sirte do mufti da Líbia Khaled Tantuch, a principal autoridade religiosa durante o regime de Gaddafi, ao qual deu apoio durante toda a insurreição. De acordo com Abdo Salam, do CNT, Tantuch havia alterado a aparência ao fazer a barba.

Também nesta quinta-feira, um comandante do CNT em Sirte desmentiu que Mutassim Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, tenha sido detido, como anunciou na véspera uma autoridade rebelde.

Na quarta-feira, Abdelkarim Bizama, conselheiro do chefe do CNT, Mustafa Abdel Jalil, havia anunciado a captura de Mutassim, 36, médico e militar de carreira que comandava sua própria unidade de elite.

"Não é verdade que Mutassim tenha sido capturado", afirmou o comandante Wissam ben Ahmed, um dos chefes das operações do CNT na frente leste de Sirte, 360 km ao leste de Trípoli e terra natal do ditador.

"Alguns prisioneiros que capturamos dizem que Muammar Gaddafi está em Sirte", completou.

O ditador está foragido desde a queda de seu quartel-general em Trípoli no dia 23 de agosto, depois de ficar 42 anos no poder.