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Vitória de Cristina pode acentuar cooperação Brasil-Argentina no exterior
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KARINA PADIAL
DA ANSA, EM SÃO PAULO
Uma provável reeleição de Cristina Kirchner nas eleições presidenciais argentinas, marcadas para este domingo (23), pode aprofundar uma agenda comum com o Brasil no âmbito da política exterior, de acordo com especialistas consultados pela Ansa.
A coordenadora do Centro de Estudos das Negociações Internacionais da Universidade de São Paulo (Caeni-USP), Janina Onuki, afirma que os governos de Dilma Rousseff e de Cristina Kirchner (no poder desde 2007) deixaram de ter o foco apenas em Mercosul e Brasil e "se ampliaram para a América Latina em geral".
Isso ocorreu com a ausência de mentores políticos como Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kircher (ex-presidente argentino e marido de Cristina, morto em 2010).
Horacio Villalobos/Efe | ||
Presidente argentina, Cristina Kirchner; vitória pode acentuar cooperação com a Argentina |
Segundo a pesquisadora-assistente da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) da Argentina, Melisa Deciancio, este "é um momento em que os interesses políticos e econômicos de ambas as nações podem ser melhor atendidos com uma relação coordenada".
"A relação de 'sócios comerciais' passou, desde a chegada de Lula e Kirchner ao poder, a uma relação de coordenação que supera o viés meramente econômico e se reflete na política internacional", avalia Deciancio, citando como exemplo as posições conjuntas apresentadas por Brasília e Buenos Aires na Cúpula do G20.
Para Deciancio, "o lugar que os dois países ocupam no continente requer essa coordenação nas políticas, sobretudo frente a um cenário internacional que se apresenta cada vez mais desafiador".
O advogado argentino Alberto Sosa, pesquisador da organização não-governamental Amersur, que integra o Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul, concorda com essa postura, já que, para ele, Brasil e Argentina devem compartilhar "uma agenda para negociar com destacados atores estatais e privados, incluindo a China, e determinadas corporações transnacionais".
Sosa, porém, acredita que para continuar avançando, os países têm que priorizar, entre outras ações, o diálogo e o entendimento político para garantir a estabilidade democrática entre os vizinhos e a criação de um banco regional de desenvolvimento.
REGIÃO
O pesquisador ainda observa que "Brasil e Argentina têm procurado estabelecer um poder alternativo na região" e que atualmente Buenos Aires aceita compartilhar a liderança com Brasília, mesmo de uma forma "assimétrica".
De acordo com a professora de Relações Internacionais da Universidad Nacional de Rosario, Gisela Pereyra Doval, houve, no entanto, quem receou que esses laços se romperiam no início do mandato de Dilma, com a opção por Antonio Patriota no Ministério das Relações Exteriores.
"Nos círculos acadêmicos, temia-se que a nomeação do chanceler implicaria em uma aproximação dos Estados Unidos e um paulatino afastamento do Brasil com a região", conta.
Um temor que logo foi encerrado com a escolha da Argentina como primeiro destino internacional da mandatária brasileira após sua posse. "No meu entender, os 15 tratados assinados na viagem de Dilma em fevereiro é apenas uma amostra da sintonia entre ambas as presidências", diz.
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