Ao lado do samba e (dizem) do avião, o bufê self-service a quilo é a grande contribuição do Brasil para a civilização. A explosão de sabores que um prato reunindo salmão cru e uma fatia de pizza marguerita proporciona é inigualável.
O Ráscal infelizmente não é um quilo (fica a dica), mas tem o mesmo espírito. Passear pelas suas mesas de antepastos misturando quentes e frios num daqueles pratos enormes, que mais parecem uma bateia de garimpeiro, é uma diversão garantida, complementada depois pelo balcão de massas.
Até existe a alternativa à la carte, com opções muito sólidas de massas e grelhados no cardápio. Mas não consigo ver qual é a graça.
O bufê do Ráscal é democrático e convidativo para a família inteira. Crianças podem se empanturrar de lasanha enquanto adultos testam algumas das opções mais diferentonas, com destaque para o polpetone à milanesa com molho de tomate que é, sozinho, quase uma refeição.
Comer em seus amplos restaurantes traz algo da experiência das cantinas italianas. Meninos e meninas rabiscam a toalha de papel com gizão de cera, quando não estão a correr entre as mesas, abalroando comensais vez por outra. Fala-se alto. Canta-se parabéns.
O Ráscal é o terreno da informalidade, da experiência libertadora de levantar da mesa e caminhar rumo à Terra Prometida dos queijos, frios e saladas sem o ritual muitas vezes exasperante de atrair a atenção de um garçom. De novo, e desculpe ser repetitivo, mas um brinde ao gênio anônimo que inventou o bufê self-service, nosso Santos Dumont da gastronomia.
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Ráscal. Al. Santos, 870, Cerqueira César, tel. 3141-0692.