Quem anda distraído pela Guaicuí, rua pequenina a poucos metros do largo da Batata, em Pinheiros, periga passar batido pelo Pitico.
O fundo de um contêiner e um gradil, ambos pintados de preto, compõem a fachada desse bar que, de tão discreto na paisagem, parece querer se esconder.
A despretensão da portada monocromática reflete-se no interior, onde os contêineres que abrigam os bares e a cozinha são separados por dois generosos espaços ao ar livre.
Não há garçons circulando. Há cadeiras de praia montadas ao redor de mesinhas, distribuídas no pátio sem lógica aparente.
O sistema do bar é dos mais simples: o cliente vai ao caixa, escolhe o que quer entre os itens descritos numa lousa, paga e recebe uma senha. Se for uma cerveja, é possível pegar logo ali. Caso contrário, é recostar-se numa cadeira e emendar um dedo de prosa com os amigos enquanto seu número não pisca na tela.
O cardápio não deixa dúvidas sobre a vocação do lugar. Há mais opções de drinques do que de comidinhas.
Apesar de enxuta, a oferta é saborosa. A couve-flor empanada (R$ 20) sai quentinha e crocante, e o kebab de faláfel (R$ 20) vale a espera. Há ainda batata frita com zátar (R$ 16) e coalhada seca (R$ 20) para comer com pão árabe torradinho.
No Pitico, exagero só na quantidade de gente que se apinha pelo pátio noite adentro —até começarem a ser gentilmente lembradas, já beirando a meia-noite, que é hora de o serviço se encerrar.
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Pitico. R. Guaicuí, 61, Pinheiros, tel. 3582-7365.