Eleito o melhor asiático da capital paulista, Komah joga com a releitura dos sabores
MELHOR ASIÁTICO - JÚRI
O Komah não é para quem gosta de obviedades. Não está em nenhum dos badalados circuitos de restaurantes paulistanos. Fica numa sossegada rua da Barra Funda.
Não há decoração alegórica. O ambiente é clean, com piso de cimento queimado, mesas de fórmica branca, gravuras contemporâneas. Não há purismo gastronômico. O jovem chef Paulo Shin joga com a releitura dos sabores –e nisso está o deleite da refeição.
Paladares acomodados podem ficar incomodados. Os pratos jogam com os extremos. O picante ora doce, ora cítrico vai sendo apaziguado por condimentos e texturas mais leves. É a complementação de opostos.
A força do galbi jim, a costela macia e adocicada em shoyu, vem com um arroz de sabor suave para o cliente misturar; o yukhoe é um steak tartare com gema crua curada que também tem lascas de pera; o samgyeopsal inclui fatias de pancetta picantes para serem embrulhadas em alface ou em folhas de kenip, o gergelim selvagem.
Os pratos são individuais. Mas há também a opção do bem servido menu-degustação, em que é possível provar de tudo um pouco com inusitada fartura. Divida sem medo
se for do tipo que prefere pequenas porções.
O mais intrigante da comida: o esquenta-sossega sobre a língua alimenta a intimidade das palavras. Quer seja para tratar do prato, da vida, das lembranças, o cardápio atiça as conversas. Animadas e risonhas entre amigos. A meio-tom entre casais. Consigo mesmo, caso esteja só e amparado pelos atendentes, sempre prontos a parar na mesa para perguntar como está sendo a sua experiência.
E se ela ainda incluir alguns goles de soju, destilado de arroz, ou o makgeolli, vinho também à base do grão, pode ter certeza que não vai faltar calor humano.
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Komah
R. Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda, tel. 3569-7956