O mestre-sorveteiro italiano Pino Scaringella costuma dizer: "Até os grandes, os poderosos do mundo, diante de uma vitrine de sorvete, voltam a ser crianças". Pois nesta sorveteria, líder em menções na pesquisa Datafolha (10%), as crianças fazem fila na porta quando o dia está quente. E não deixam de ir se está frio —ainda mais dentro do shopping, onde o termômetro está sempre acima dos 20°C (uma bela sacada dos proprietários).
A Bacio di Latte, apesar do jeitão italiano, nasce mesmo em São Paulo, na rua Oscar Freire. Claro, há um representante do país na história. O criador da marca, acostumado com os gelatos de sua infância, investiu no ramo associado a um escocês. Juntos, resolveram apostar no Brasil "que estava em crescimento, apesar da crise", seis anos atrás. Hoje, a marca é citada por 27% dos paulistanos que ganham mais de 20 salários mínimos.
E dentro da Bacio, os adultos que viram crianças experimentam colherinhas de "pitacchio", "cioccolato" ou "stracciatella", antes de anunciar a decisão. A moça do outro lado do balcão segura firme a espátula, passa pelas ondas de sorvete (e a criança lá, vidrada) e transfere a porção para a casquinha. Os pequenos então se sentam nas banquetas que parecem latões de leite, com os pézinhos a balançar, segurando seus sorvetes.
Nas receitas da vitrine, o mais importante é que sejam muito cremosas —e, por isso, são feitas todos os dias e servidas na temperatura certinha: 12°C. O creme de leite que ajuda a dar cremosidade vem de fazendas de São Paulo, Minas e Bahia.
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Bacio di Latte
Fundação: 2011
Unidades: 70 pontos de venda (26 deles na capital paulista)
baciodilatte.com.br
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Edoardo Tonolli, sócio da Bacio di Latte
"Não temos problemas em entender o paulistano, ele muitas vezes é um italiano que fala português. A maior diferença é que é mais voraz por novidades. Isso ajuda quem traz algo de fora a entrar na cultura local."