opinião
Liliana Ayalde: Um novo patamar na relação Brasil-EUA
Após uma histórica Cúpula das Américas no Panamá, em abril, há um otimismo palpável no Ocidente. Pela primeira vez desde 1959, os presidentes de Estados Unidos e Cuba tiveram um diálogo significativo e, pela primeira vez, a cúpula contou com a participação formal de todos os 35 países do hemisfério.
Na ocasião, os líderes encontraram pontos em comum para um futuro compartilhado de oportunidades e desafios. Esse futuro nunca foi tão promissor quanto agora nas relações entre Brasil e EUA. Somos parceiros naturais. Os EUA se beneficiam de uma relação mais forte com o Brasil e o Brasil se beneficia de uma relação mais forte conosco.
Nesse sentido, estamos entusiasmados com a visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos em 30 de junho. Essa visita elevará nossa relação a um novo patamar trazendo benefícios que irão muito além dos nossos países.
Nossos presidentes definirão uma agenda comum para o futuro, que deve incluir cooperação sobre mudanças climáticas; aprofundamento do engajamento comercial; colaboração em ciência, tecnologia e inovação; acordos de defesa e segurança e intercâmbios técnicos e educacionais. A agenda está organizada em torno de três pilares: intercâmbio de pessoas, prosperidade e parcerias.
Intercâmbio de pessoas: A crescente relação entre Brasil e Estados Unidos é definida tanto pelas interações entre nossos povos como por atividades oficiais. Os intercâmbios educacionais, por exemplo, criam, ampliam e intensificam os laços entre brasileiros e americanos.
Os EUA se orgulham de terem recebido 33 mil brasileiros por meio do programa Ciência sem Fronteiras. Para ampliar o intercâmbio em ambas as direções, a iniciativa 100 Mil Unidos pelas Américas, do presidente Obama, incentiva americanos a aprender português e estudar no Brasil. Na visita da presidente Dilma, espero que possamos ter novos acordos que fortaleçam ainda mais nossa relação na área educacional.
Prosperidade: O comércio é um dos principais fatores que promove a prosperidade. Os últimos quatro anos foram marcados pelos mais altos níveis de comércio bilateral da história, ultrapassando US$ 100 bilhões anuais. Em 2014, os EUA foram o maior mercado para a exportação de bens manufaturados brasileiros, resultando em milhares de empregos qualificados e bem melhor remunerados no Brasil.
Os EUA também são a maior fonte de investimento estrangeiro direto no Brasil, com muitas de nossas empresas operando aqui há mais de um século. As empresas brasileiras também estão ampliando investimentos e parcerias nos EUA, fazendo com que a nossa relação econômica seja mutuamente benéfica, aumentando o crescimento econômico, empregos e oportunidades.
Mas queremos ir além. Trabalhando juntos de forma mais estreita, facilitando o comércio, cooperando em regulamentações comerciais, simplificando a realização de negócios, tanto aqui como nos EUA, poderemos alcançar e crescer mais.
Entre quinta (18) e sexta-feira (19), o Fórum de CEOs Estados Unidos-Brasil se reunirá em Brasília. Presidentes de empresas, americanos e brasileiros, formularão recomendações que serão apresentadas a Obama e Dilma antes da reunião em Washington. Nossos governos já estão trabalhando com as empresas participantes do fórum para propor iniciativas em áreas como energia, inovação e infraestrutura.
Parcerias: Brasil e Estados Unidos têm muito em comum e nenhuma divergência incontornável.
O leque de questões que podemos tratar juntos é diverso e sofisticado: mudanças climáticas; operações das forças de paz da ONU; segurança alimentar; pandemias globais; assuntos regionais, como Cuba e Venezuela; Irã, Síria e Coreia do Norte; direitos humanos; desarmamento e não proliferação; fóruns multilaterais, por exemplo, as Nações Unidas; defesa e segurança; e combate e desmantelamento de grupos terroristas, como o Estado Islâmico.
Acredito que quanto mais próximos do Brasil trabalharmos, quanto mais ampla e profunda for a nossa agenda, maior será a possibilidade de divergências. Mas estou confiante de que serão divergências saudáveis entre parceiros estratégicos.
O convite de Obama a Dilma reafirma a importância do Brasil para nós, como povo, economia, parceiro estratégico e líder global. O que o Brasil faz e diz é importante e repercute mundialmente. Essa visita é uma oportunidade para renovar e elevar essa relação vital e profícua.
LILIANA AYALDE é embaixadora dos Estados Unidos no Brasil
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