editorial
Futebol solidário
A evidência de que a falta de combustível foi a principal causa da queda do avião que levava a equipe da Chapecoense à cidade de Medellín, na Colômbia, serviu para aumentar o inconformismo com a notícia, que causou comoção internacional.
O fato de que uma imprudência perfeitamente evitável possa retirar a vida de dezenas de pessoas torna a tragédia menos fortuita, deslocando-a da esfera do acaso para a criminal. A continuação das apurações, com o exame das caixas-pretas e de outros detalhes do caso, certamente determinará as causas e indicará as medidas cabíveis.
Por ora, o choque causado pelo desastre tem propiciado demonstrações comoventes de solidariedade. Nos mais diversos países, cidadãos comuns, autoridades e a comunidade esportiva manifestaram seus sentimentos aos torcedores e às famílias das vítimas.
Clubes guardaram um minuto de silêncio em jogos oficiais ou durante treinamentos. Alguns estamparam o escudo da agremiação brasileira em seus uniformes e outros vestiram sinal de luto.
Nada porém tocou tanto a sociedade brasileira quanto a vigília que teve lugar no estádio do Atlético Nacional, na Colômbia, nesta quarta-feira (30), no horário previsto para a partida.
Aquele que seria o palco do primeiro encontro para decidir o título da Copa Sul-Americana reuniu milhares de pessoas vestidas de branco, com velas e flores nas mãos.
Assim como em arenas europeias, também em Medellín colombianos entoaram o grito característico da torcida catarinense. Um emocionado chanceler José Serra discursou na ocasião e agradeceu a delicadeza do povo vizinho —falando, por certo, em nome de todos os brasileiros.
Discute-se agora que tipo de apoio deveria ser oferecido ao clube, cujos esforços para conquistar posições de destaque nas competições futebolísticas são reconhecidos pela seriedade e pelos bons resultados atingidos.
A proposta de blindar a Chapecoense por um determinado período contra o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro é uma boa ideia, bem como o empréstimo de jogadores, sem ônus, por parte de outros clubes. Partidas com verba revertida à Chapecoense também seriam um auxílio importante.
Num meio em que as rivalidades costumam atingir as raias da irracionalidade e da violência, essas expressões de fraternidade e apoio são, sem dúvida, um bom exemplo e um grande alento.
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