Desafios do emprego
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Pessoas fazem fila em feira de emprego em São Paulo |
Neste fim de 2017, há quase tantos brasileiros ocupados quanto no fim de 2013, alguns meses antes do início da grande recessão.
Aos poucos, o país se recupera. Ainda assim, a julgar pelo ritmo de expansão do mercado de trabalho de pouco antes da crise, o Brasil deve ter hoje um deficit de pelo menos 5,5 milhões de vagas.
Este ano tende a se encerrar com uma taxa de desemprego praticamente idêntica à registrada em 2016. Em novembro, a desocupação ficou em 12% —trata-se aqui dos que procuram colocação sem sucesso, em relação ao total de pessoas economicamente ativas.
O número de ocupados, porém, aumentou em 1,7 milhão de pessoas, alta anual de quase 2%.
As primeiras projeções indicam que 2018 deve ser apenas um ano remediado no mundo do trabalho. As estimativas mais otimistas apontam um desemprego ainda elevado, na casa dos 11%, no último trimestre, embora a quantidade de postos deva crescer.
Não há indício, por ora, de quando haverá oferta de empregos melhores —aqueles com carteira assinada. A expansão do mercado ainda se dá pela informalidade; a construção civil abriga menos trabalhadores do que há um ano.
De uma perspectiva mais longa, na comparação com o fim de 2013, nota-se que construção e indústria são os setores que ainda desempregam, ao lado da agropecuária.
Interessante que o campo já perdia mão de obra mesmo antes da crise, resultado provável de mecanização e de outros ganhos de eficiência. Até antes da recessão, no entanto, a economia brasileira era capaz de absorver esse contingente e ainda criar um saldo de 1,5 milhão de empregos por ano.
É plausível que mais atividades passem por processos similares de automatização, o que torna o desafio de criar vagas mais complexo.
Além de prosseguir em políticas sensatas e, mais a longo prazo, cumprir a imensa tarefa de reformar a educação básica, o país terá de refletir sobre as necessidades de treinamento da força de trabalho e sobre como incentivar a expansão de um setor de serviços mais moderno.
Lidar com uma convalescença econômica acidentada e, ao mesmo tempo, com uma transformação tecnológica estrutural não é desafio modesto, ainda mais para um país que nem sequer conseguiu resolver um problema tão basilar quanto colocar em ordem as contas de seu governo.
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