Após os traumas com os surtos de zika e chikungunya e o temor de um descontrole epidemiológico similar com a febre amarela no ano passado, desta feita o governo federal se move com mais presteza.
Na prática, o Ministério da Saúde admite que o país não dispõe de estoque suficiente de vacinas para fazer o necessário bloqueio nas regiões em risco. Não há outra razão para recorrer ao fracionamento de doses anunciado na terça-feira (9), medida emergencial que tem apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com exceções como crianças de 9 meses a 2 anos e gestantes, a maior parte dos 19,7 milhões de pessoas em três Estados (SP, RJ e BA) no fulcro da campanha de vacinação, que se inicia em fevereiro, receberá um quinto da quantidade normal do imunizante. Estudos comprovam que tal dose garante pelo menos oito anos de proteção.
O expediente teve sucesso na República Democrática do Congo, onde o fracionamento permitiu vacinar 7,8 milhões de habitantes em 15 dias, estancando a epidemia.
No Brasil, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou em setembro o fim do surto de febre amarela do primeiro semestre de 2017. De julho para cá, confirmaram-se 11 casos humanos entre 381 ocorrências investigadas, além de 358 infecções em macacos.
Para impedir um novo surto, a estratégia é vacinar 95% da população próxima aos locais onde ocorreram tais eventos de epizootia, pois é depois de picar animais doentes que o mosquito transmite o vírus a seres humanos.
O plano abrange 53 municípios em São Paulo, 15 no Rio e 8 na Bahia. O Espírito Santo fica fora da campanha porque 85% da população foi imunizada em 2017.
No território paulista, os alvos se concentram no litoral e no Vale do Paraíba. Dos 6,3 milhões de habitantes por atender no Estado, 1,4 milhão receberá a dose integral, e 4,9 milhões, a fracionada.
No ano passado, o Ministério da Saúde distribuiu 46,3 milhões de doses, 12,7 milhões para a vacinação de rotina em áreas com recomendação permanente de imunização e 33,6 milhões de doses extras. Com a grande procura nos postos de saúde, os estoques se reduziram de modo rápido.
A situação é de alerta, não de alarmismo. Como prega a campanha federal, deve-se confiar no que as autoridades de saúde indicam para cada caso, mas a vacina deve ser reservada para quem precisa. Caso contrário, nem o fracionamento será suficiente.
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