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Leitor defende reformulação curricular do ensino médio
LEITOR EDSON RIBEIRO DA SILVA
DE CURITIBA (PR)
Lendo a crítica feita pelo leitor Luiz Fabiano Alves Rosa a uma provável reformulação do ensino médio, percebe-se um certo desconhecimento dos objetivos e da realidade da atual educação brasileira.
Primeiramente, porque a divisão das disciplinas em grandes áreas do conhecimento já existe desde 1996, e o currículo oficial brasileiro (os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs) organiza-se a partir delas.
Editoria de arte/Folhapress | ||
O que acontece é que o leitor escreve de Curitiba. O Estado do Paraná ignorou e proibiu o uso dos PCNs desde 2002, por interesse unicamente político: um governo que demonizou tudo que fora feito pelo governo FHC e um sindicato de professores de extrema esquerda, ambos interessados em mostrar que o ensino paranaense era humanista.
A inclusão das disciplinas humanistas em âmbito nacional também pretendia formar indivíduos aptos a entender a realidade e não apenas os textos que falam sobre ela. Isso deu origem ao modismo de se acrescentarem conteúdos ou disciplinas à grade curricular, como cultura afro-brasileira ou música. O que essas pessoas insistem em não perceber é que o ensino médio no país ocorre durante períodos diários de quatro horas. No período noturno, é raro que o aluno tenha todas as aulas diárias ou qualquer aula às sextas-feiras. Não há tempo para estudar tantas disciplinas, mesmo que a intenção seja formar cidadãos ou futuros trabalhadores.
Da mesma forma, é preciso considerar que as escolas curitibanas não seguem, grosso modo, nem a proposta curricular nacional nem a estadual, que têm por base princípios científicos. As escolas curitibanas elaboram suas propostas baseadas unicamente nas crenças pessoais de grupos pequenos, como gestores e docentes. Transformam filosofia em autoajuda e sociologia em catecismo, exatamente porque a cidade, por questões puramente políticas, também ignorou e demonizou as diretrizes curriculares que o governo estadual deu à educação a partir de 2002. Há propostas curriculares feitas na década de 80. Outras contêm dispositivos inconstitucionais. Para os pais de alunos, a escola particular, com sua visão mercadológica, deve ser o grande modelo para a escola pública. Manipulam os currículos, e o humanismo vai para o lixo.
É evidente que disciplinas humanistas são formadoras. Mas o ensino médio não tem tempo para todas elas. É preciso agrupar, sim. Ou se aumenta o tempo de permanência do aluno nas escolas. Mas de nada adianta isso sem propostas curriculares fundamentadas cientificamente.
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