Folha explicita seu racismo em reportagens, escreve historiador
A Folha explicita, mais uma vez, o seu racismo em duas reportagens publicadas na edição deste domingo (19/10). Em "Public Enemy atrai 20 mil e reabre o antigo Clube de Regatas Tietê", o texto omite o caráter do evento, que denunciou a história de discriminação racial daquele clube, que sempre impediu a entrada de negros. Já em "Não me arrependo", relato do goleiro Aranha, do Santos FC, o título da reportagem coloca a vítima das ofensas da torcida do Grêmio como autor de um ato ilícito do qual deveria se arrepender. O título inverte os papéis do jogador e dos torcedores do Grêmio. A Folha reforça o racismo institucional e, como é comum no Brasil, responsabiliza o discriminado pela discriminação do qual é alvo.
RAMATIS JACINO, historiador, presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (São Paulo, SP)
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Vejo o depoimento do goleiro Aranha, do Santos, como exemplo de altivez. Numa sociedade como a brasileira, herdeira de 300 anos de escravidão, todos carregamos a marca do racismo. Por isso é tão importante falar sobre o assunto. Não adianta fazer mil gols e obter sucesso individual quando não se tem solidariedade com milhões de pessoas injustamente discriminadas.
MARCO ANTONIO SILVEIRA (Belo Horizonte, MG)
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