Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

21/12/2010 - 02h30

Médicos, MIS, Berlusconi, Araguaia, Salários, Lula

DE SÃO PAULO

Médicos

No editorial "Melhores médicos" defendeu-se a ideia de que é necessário fortalecer a aplicação de um exame unificado para os médicos recém-formados, nas mesmas linhas que o aplicado a outras carreiras, por exemplo, advogados. Tal iniciativa, que parece ganhar força em todos os ramos da educação, é preocupante. Assim como um punhado de questões de múltipla escolha não é suficiente para avaliar o que um jovem aprendeu em 18 anos de vida, um exame desse tipo não reflete o volume brutal de conhecimento adquirido e a formação de caráter desenvolvida durante uma graduação.
Argumenta-se, obviamente, que esse exame tem apenas o intuito de estabelecer um mínimo necessário para que um profissional possa, então, iniciar sua carreira. Mas, infelizmente, isso não é o que ocorre.
Em primeiro lugar, ainda em analogia com o ensino médio, esse tipo de exame altera o foco da instituição educadora a fim de preparar os alunos para a prova, e não para o que depois virá. Em segundo lugar, exime a universidade de qualquer culpa, pois retira dela a responsabilidade de garantir uma educação de nível elevado.
O correto seria avaliar os alunos de acordo com seu desempenho dentro da própria instituição, levando em consideração toda a sua trajetória. As instituições deveriam também ser penalizadas se não alcançassem patamares pré-estabelecidos. Tal mudança, obviamente mais custosa e complexa, é de interesse para todas as áreas do ensino.

GABRIEL TEIXEIRA LANDI (São Paulo, SP)

-

Crise no MIS

O desfalque endêmico na cultura e na educação deste país parece ser para sempre irrecuperável. Uma das razões para isso encontra-se no fato de que, cada vez mais, está se tornando difícil, senão impossível, às pessoas diferenciarem a qualidade da quantidade. Sim, de quantidade estamos empanturrados: projetos culturais como nunca se viram tantos, novas universidades que se abrem, programas de pós-graduação lato e estrito senso sem fim, MBAs em cada esquina. Artistas brasileiros, há anos radicados na Europa, começam a voltar ao país para participar da grande feira borbulhante das quantidades. Estatísticas e gráficos eufóricos colocam o Brasil nos píncaros dos grandes números. De que valem os números quando faltam pessoas capazes de separar o joio do trigo? Pior ainda, quando não se pode totalmente confiar nesses números?
A matéria publicada na Folha -- alegando uma crise no MIS e no Paço das Artes em São Paulo e que, sem contar com qualquer pesquisa mais séria e cuidadosa, demoniza a diretoria dessas instituições-- não passa de um sintoma cabal de uma outra crise bem mais profunda: a crise do julgamento de qualidade na cultura e na educação no Brasil, aliás, campos em que a qualidade é quase tudo, pois é ela que tem o pulso e que dá o norte. Sem o valor da qualidade, tudo fica errático e se dispersa em festividades levianas, episódicas e desenraizadas.
O trabalho que vem sendo realizado por Daniela Bousso à frente dessas instituições é admirável pelo teor de qualidade que tem nele imprimido. Projetos sintonizados com os ventos vivos da arte e da cultura, incentivo a novos artistas, curadorias de renomados artistas internacionais, cursos inovadores, laboratórios de pesquisa e criação nas linguagens da arte, tudo isso coloca essas duas instituições no mesmo nível de instituições de países avançados. As críticas a que injustamente uma diretoria tão acima da média está sendo submetida não passa de um sinal evidente de que a cultura deste país incorrigivelmente não passa de uma cultura do Carnaval, do oba oba, da leviandade, da ação entre amigos e da corrupção cognitiva.

LUCIA SANTAELLA (São Paulo, SP)

-

Berlusconi

O texto "O amante insaciável" www1.folha.uol.com.br/ fsp/opiniao/ fz2012201005.htm, de Ruy Castro, é pertinente ao falar da carreira do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. Como primeiro-ministro é um amante insaciável, mas bem que poderia ser um amante insaciável dos bons costumes que deveriam nortear a vida das autoridades e dos legisladores. Mas acredito que Castro poderia, em vez de usá-lo como razão para uma marcha de protesto sobre Brasília por causa do eleito democraticamente --infelizmente-- Tiririca, tentar convencer o povo a marchar contra os políticos corruptos, que, além de desviarem verbas das verdadeiras e necessárias reformas sociais, ainda se agraciam com o absurdo aumento de 62%. Tudo com o dinheiro do sofrido, mas subserviente, povo brasileiro. Vamos à luta.

JOÃO BATISTA CHAMADOIRA (Bauru, SP)

-

Araguaia

O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, está sendo no mínimo descortês com o presidente, comandante supremo das Forças Armadas, que já arbitrou a pendenga dele com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre desaparecidos e arquivos da Guerrilha do Araguaia, pois os comandantes militares não têm relatos sobre o paradeiro de desaparecidos nem arquivos escondidos. Lançar, no fim do governo, um documento cobrando o que já foi negado por um membro do governo e um livro com opiniões contrárias ao que já foi divulgado pelas Forças Armadas é se colocar contra o governo a que pertenceu. Devia ter pedido demissão antes. Assim, deixará uma imagem de deslealdade ao presidente.

PAULO MARCOS GOMES LUSTOZA, capitão-de-mar-e-guerra reformado (Rio de Janeiro, RJ)

-

Hospital do Fundão

Em 19/12 foi implodida mais da metade da enorme estrutura do Hospital do Fundão, no Rio de Janeiro, já que estava abandonada e apodrecida há quase 60 anos. Essa grandiosa obra foi um projeto dos anos 50 do então presidente Getúlio Vargas, que, como o atual presidente, também é conhecido como "pai dos pobres".
Como é possível esse triste exemplo de descaso e incompetência num país com crônica falta de hospitais? Ao invés de procurarmos a resposta nos consolamos com a suposta explicação de que "foi uma fatalidade". Ficam, assim, preservados os mitos políticos do passado e os do presente.

CLAUDIO JANOWITZER (Rio de Janeiro, RJ)

-

Salários

Que vergonha! Políticos aumentam seus salários na calada da noite. Fico admirada com seus argumentos. Para aumentar as aposentadorias e o salário mínimo eles precisam de várias reuniões para verificar se existem verbas para estes aumentos. Mas para aprovar os seus aumentos eles são rápidos. Por que não se fazer uma pesquisa com a sociedade para saber se concordamos com esses aumentos abusivos?

MARIA JOSÉ DA FREIRIA DINIZ (Ribeirão Preto, SP)

-

Governo Lula

Acho que o leitor Marcos Barbosa ("Painel do Leitor", 20/12) confundiu merecimento com aproveitamento. O Lula aproveitou a política econômica do Fernando Henrique Cardoso, mas desmecereu-a totalmente ao considerar que só recebeu herança maldita. Em nenhum momento teve a honestidade de reconhecer o legado do antecessor e dar-lhe o devido merecimento.

LILIAM ROSALVES FERREIRA (São Paulo, SP)

-

OAB

O exame da OAB é requisito para se exercer a advocacia, profissão que a própria Constituição distingue. Seria temerário permitir que os 4 milhões de candidatos --número estimado por Damásio E. de Jesus-- que não conseguiram ser aprovados o fizessem. As outras entidades profissionais deveriam adotar testes também; algumas, inclusive, já estudam como implantá-los.

WAGNER C. D. DO N. E SILVA (Brasília, DF)

-

 

EnqueteVeja +

'Rolezinhos'

A polícia deve impedir os "rolezinhos" nos shoppings paulistanos?

Publicidade

Acompanhe a Folha no Twitter

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página