Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

17/05/2012 - 10h32

Coleção ilumina desilusões do escritor José Saramago

DE SÃO PAULO

"Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor", disse o escritor português José Saramago (1922-2010) certa vez em entrevista.

Não estranhe o leitor, portanto, que seja em sua visão crítica em relação às instituições políticas que se baseie "Ensaio sobre a Lucidez", romance escrito em 2004 e sétimo volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo.

Na capital de um país sem nome, chove torrencialmente no dia da eleição, o que faz com que poucos eleitores compareçam ao pleito. As autoridades chegam a prever uma abstenção em massa.

Remarcado o dia da votação, milhares formam filas, mas para votar em branco, utilizando a democracia para manifestar sua indignação.

Rodrigo Baleia - 27.out.2005/Folhapress
O escritor português José Saramago autografa seu livro "As Intermitências da Morte" durante lançamento, em São Paulo
Escritor português José Saramago autografa seu livro "As Intermitências da Morte" durante lançamento, em SP

É dessa "reapropriação" do poder cívico que trata a obra, uma referência clara ao seu "Ensaio sobre a Cegueira", de 1995. O peso indireto das distorções políticas aqui se apresenta tal como a epidemia que se abate sobre os personagens daquele livro.

Ao narrar as providências do governo para entender as razões da "epidemia branca", o autor completa sua alegoria da fragilidade dos rituais democráticos, da política e de suas instituições.
Saramago, porém, não propõe a substituição da democracia por um sistema alternativo de governo, mas a sua permanente vigília.

É através da ficção que o português entrevê uma saída para suas desilusões. E é a potência simbólica da literatura --território em que reflexão, humor e arte se tornam armas de resistência-- que se revela capaz de vencer o monstro cego da ignorância.

Em sua obra, o Nobel de Literatura de 1998 buscou desenvolver uma crítica ácida às instituições: sob o véu de promessas da democracia, enxergava os vetores do autoritarismo --lúcido é quem os consegue perceber.

COLEÇÃO

A Coleção Folha Literatura Ibero-Americana oferece uma seleção imprescindível de 25 renomados autores ibero-americanos. Argentina, Espanha, Peru, Colômbia, Brasil, Portugal, Cuba e México são os países que contribuem para a pluraridade da coleção.

Editoria de Arte/Folhapress
 

Publicidade

Acompanhe a Folha no Twitter

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página