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04/06/2012 - 14h09

Brasileiro não sabe lidar com liberdade para ver shows, expõe leitora

LEITOR DIANA OLIVEIRA SANTOS
DE TABOÃO DA SERRA (SP)

Sol lindo, céu azul. O tempo indicava que seria um dia perfeito para um show a céu aberto. Só que não!

Evito ir a shows gratuitos em São Paulo pelo simples fato de que não consigo lidar com a desorganização e com a falta de educação da grande maioria das pessoas.

No dia 27 de maio, eu fui até o parque da Independência, onde acontecia a 16ª edição do Cultura Inglesa Festival, para ver a apresentação da banda escocesa Franz Ferdinand. Por ser uma banda internacional bem conhecida, por sinal, pensei que seria diferente. E, adivinhe?

A primeira coisa que já me tirou do sério, logo ao chegar, foi à imensa fila que era causada por simplesmente uma revista rigorosa que estava sendo feita por meia dúzia de policiais.

O lógico acontece. Aquele número não era suficiente para dar conta da quantidade de público. Segundo os "staffs", esta revista estava sendo feita "para que não seja manchado o nome da Cultura Inglesa caso aconteça alguma coisa muito séria lá dentro".

Danilo Verpa/Folhapress
Multidão enfrenta fila antes do show da banda escocesa Franz Ferdinand no parque da Independência, em SP
Multidão enfrenta fila antes do show da banda escocesa Franz Ferdinand no parque da Independência, em SP

Tudo corria bem na fila até às 16h, quando as pessoas retardatárias se deram conta que ficando na fila não conseguiriam entrar para assistir ao show. Então, formou-se uma segunda fila para furar a primeira. Uma multidão começa a se reunir em volta da entrada não levando em conta que havia pessoas, como eu, que estava há, pelo menos, três horas na fila.

Revoltada, procurei um "staff" para que fizesse alguma coisa. Ele, simplemente, disse: "Não temos como controlar a fila e a entrada, então, estamos apenas controlando a entrada, pois é humanamente impossível controlar a fila em um show com um público como este. Cabe a vocês não deixarem as pessoas furarem, não podemos fazer nada quanto a isso".

Não restava nada a ser feito apenas esperar e esperar. Foi o que fiz, até chegar próximo ao final da fila e ao ponto de revista.

A multidão começou a perder o controle e sempre tem alguém para incitar ainda mais: "Vamos derrubar tudo! Vamos invadir!" E eu falando: "Não faça isso, se começa o empurra aqui alguém vai se machucar e tem criança aqui no meio".

Alguns minutos depois, as grades caíram, pessoas foram pisoteadas, outras --grande maioria-- achavam graça e estavam felizes porque cortaram a fila e conseguiriam entrar na base do grito e da força. E eu, ali, correndo com minha irmã mais nova para não ser pisoteada.

Senti os olhos arderem, não conseguia respirar. Pronto, a polícia foi para cima de todos. Perdi-me de minha irmã mais nova, meu namorado e meus amigos. Entrei em desespero. A única coisa que consegui pensar foi em achar minha irmã e tirá-la dali.

Com ódio das pessoas porque ao pedir calma, fui chamada de fresca, ao falar que havia crianças ali, meu namorado foi chamado de gay.

Com ódio por ver que o povo ainda não sabe lidar com a liberdade de não haver um controle sobre a fila, sempre tem que ter um jeitinho, a malandragem. Ser honesto é muito difícil, quase impossível pelo visto.

 

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