Publicidade
Publicidade
Corrupção policial em SP não deixou de existir, pondera leitor
LEITOR RICARDO SILVA
DE SÃO PAULO
Fiquei muito feliz ao ler a entrevista com o secretário da Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, promovida pelos jornalistas Afonso Benites e Rogério Pagnan.
Siga o Painel do Leitor no Twitter
PCC não é lenda, mas não é a única facção, diz Grella
Bloqueio de celular será possível em 2013, diz Alckmin
Feliz? Por quê? Como assim? O Estado está um caos e você está feliz? Sim, estou feliz, porque essa foi uma das raras vezes em que vi jornalistas baterem repetidamente nas teclas que formam a palavra "corrupção policial".
Minha breve história: entrei na Polícia Civil do Estado de São Paulo aos 19 anos, cheio de ingenuidade e sonhos em fazer da minha cidade um lugar melhor. Ledo engano. Fui obrigado a pedir exoneração aos 21. Dois anos na polícia que me marcaram muito.
Na Academia de Polícia Civil, que deveria ser chamada de "ilha da fantasia", vi um cabide de empregos, profissionais extremamente despreparados e sem noções básicas de como exercer sua função. Uma estrutura sucateada e vergonhosa. Mas até aí eu fui convencido de que tudo valia a pena.
Formei-me na Academia e fui para as ruas. Eis aqui o choque de realidade. Encontrei delegacias infestadas de corruptos, policiais que exigiam dinheiro das vítimas para que elas pudessem fazer um simples boletim de ocorrência. Chefia de investigadores que extorquiam traficantes. Delegados famosos, que insistem em aparecer na televisão, com casas em Miami (EUA), mancomunados com o jogo do bicho, casas de prostituição, sequestradores. Sim, sequestradores. Acreditem, houve uma época em que grande parte dos sequestros no Estado de São Paulo eram perpetrados por policiais.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
O ex-procurador-geral de Justiça e atual secretário da Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira |
Numa abordagem puramente empírica, é impossível sustentar que os policiais honestos são maioria. Não são! Conheci três policiais civis honestos nesses dois anos. O eixo de corrupção atinge a base e a cúpula da polícia. Revoltado, e ameaçado de morte por colegas, pedi exoneração. Mudei de telefone seis vezes em dois anos por causa das ameaças que recebia de policiais.
Costumo dizer que se eu escrevesse um livro sobre as histórias que vivi na polícia, o livro iria ser classificado como ficcional. Ninguém acredita nelas. Lembram-se do escândalo envolvendo Lauro Malheiros Neto? A polícia inteira sabia. E, quando veio à tona, explodiu como se fosse uma grande novidade.
Isso me deixava perturbado. A sensação é de que a corrupção era exceção. E não era. Todos sabiam, mas o caso era encarado como surpresa. E aqui está o maior problema: se as pessoas não acreditam, o problema deixa de existir; e se ele deixa de existir, não tem como ser corrigido. Obrigado, Afonso Benites e Rogério Pagnan, por demonstrar que o problema não deixou de existir.
+ canais
- Conheça a página do Painel do Leitor
- Conheça a página de Opinião
- Acompanhe Tendências/Debates no twitter
- Acompanhe a Folha no Twitter
- Conheça a página da Folha no Facebook
Meu Olhar
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
Publicidade
- Carregando...
Publicidade
+ LidasÍndice
- Termos e Condições de Uso - Folha de S.Paulo
- 'Passou da hora de colocar um freio na criação de PEC', diz leitor
- Lula comandou o maior roubo da história do país e quer se passar por vítima, diz leitor João Braga
- Leitores atribuem derrota do Brasil na Copa a Tite, vaidade, dancinhas, carne de ouro e muito mais
- Passagem da faixa presidencial divide leitores
+ Comentadas
As Últimas que Você não Leu