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09/04/2012 - 16h37

Após morte de extrativista, Incra cobra força policial permanente no AM

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KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

Confrontado com a morte de uma extrativista da região de Lábrea (AM), conhecida pela tensão fundiária e ausência estatal, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Amazonas defende o uso de força policial permanente na área.

"Só o Incra fazer regularização [de terras] não adianta, é preciso ter ação permanente da polícia para coibir a impunidade", afirmou a chefe do órgão no Estado, Maria do Socorro Feitosa.

A extrativista Dinhana Nink, 27, foi morta com um tiro no rosto no último dia 30, em Nova Califórnia (RO).

A Polícia Civil de Rondônia suspeita que a morte esteja relacionada ao conflito entre extrativistas e madeireiros ilegais na região.

Até novembro de 2011, Nink morava no PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Gedeão, em Lábrea, município amazonense na divisa com Rondônia e Acre.

Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço da Igreja Católica para questões agrárias, ela deixara o assentamento após sofrer ameaças e ter a casa incendiada.

A região sul de Lábrea, de florestas intocadas, abriga dois PDS, modalidade de assentamento do Incra que prevê manejo sustentável dos recursos naturais. Mas diante da ação de grileiros, madeireiros e pistoleiros se tornou conhecida como "faroeste amazônico".

Cinco trabalhadores rurais que denunciavam extração ilegal de madeira na região foram mortos desde 2006. Pelo menos oito pessoas estão ameaçadas de morte.

Do lado amazonense não há força policial na área, e muitos crimes registrados em Estados vizinhos permanecem impunes.

"Não é porque é um assentamento do Incra [que a área não precisaria de polícia], são cidadãos brasileiros que precisam de segurança", afirma Feitosa.

ÊXODO

A violência na região impulsiona a decadência dos assentamentos. No PDS Gedeão, por exemplo, criado em 2007, restam só 24 das 126 famílias originalmente beneficiadas com auxílio fomento e habitação de R$ 6.400.

Expulsa da área após ameaças, a família de Nink estava classificada pelo Incra como "ocupante irregular" do projeto, e reivindicava regularização. Venda ilegal de lotes e o avanço da extração de madeira compõem o cenário de êxodo.

A Polícia Civil de Rondônia diz ainda não ter pistas dos suspeitos da morte de Nink.

O delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Mário Cesar Nunes, disse que a corporação investiga apenas o incêndio à casa da extrativista, já que a morte ocorreu em Rondônia.

Ele preferiu não comentar a ausência policial no sul de Lábrea. "Conflito agrário é uma coisa complicada, não quero opinar."

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