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Conflito territorial envolvendo indígenas cresce e causa revoltas
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AGUIRRE TALENTO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA (PA)
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO
Dados recém-divulgados pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) mostram que 2011 teve o maior número de conflitos envolvendo questões territoriais dos índios nos últimos seis anos.
Segundo o relatório, finalizado no mês passado, os casos foram de 82, em 2006, para 99, no ano passado.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) identifica atualmente oito Estados com focos de tensão envolvendo índios de, no mínimo, 17 etnias.
Há disputas de territórios com fazendeiros, garimpeiros, madeireiros e o próprio Estado, como em casos de construção de hidrelétricas, além de protestos frequentes por saúde e segurança.
Um dos focos de tensão é a região de Altamira (oeste do Pará, a cerca de 900 km de Belém), onde o governo federal constrói a hidrelétrica de Belo Monte.
Na semana passada, índios araras e jurunas, que vivem às margens do rio Xingu, fizeram reféns três engenheiros ligados à hidrelétrica. Em junho, eles já haviam invadido um canteiro de obras.
Os índios do local estão em estado permanente de tensão, demonstrado pelas pinturas no rosto e lanças nas mãos. Obras prometidas como compensação que ainda não foram feitas são a razão dos protestos. "Isso nos deixa revoltados", diz o líder José Carlos Arara, da terra indígena Arara da Volta Grande.
Para a doutora em antropologia da PUC-SP Lucia Helena Rangel, coordenadora do relatório do Cimi, três fatores contribuem para a violência contra indígenas: burocracia, pressões políticas e pressões econômicas. "Temos um contexto de crescimento econômico que incentiva esse recrudescimento do direito indígena."
HOMOLOGAÇÕES
Outro dado apontado pelo Cimi é a queda do número de homologações de terras indígenas nos últimos anos.
Desde a redemocratização, o pico de homologações ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando o país começou a experimentar maior estabilidade. Foram 145 registros. Nos anos Lula (2003-2010), período com maior crescimento econômico, o total caiu para 79. Em 2011, primeira ano da presidente Dilma Rousseff, foram 3.
O doutor em antropologia da PUC-SP Rinaldo Arruda diz que reconhece avanços na questão indígena brasileira, mas identifica uma "virada conservadora" das políticas governamentais.
A Funai informou que, neste ano, Dilma homologou sete terras indígenas no Amazonas, no Acre e no Pará.
Anderson Barbosa/Folhapress | ||
Índios das etnias juruna e arara, que mantêm técnicos de Belo Monte reféns em aldeia |
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