Tião Viana assume na segunda-feira comando do Senado
O senador Tião Viana (PT-AC) assume na segunda-feira a presidência do Senado no lugar de Renan Calheiros (PMDB-AL). O peemedebista anunciou ontem que está se licenciando do cargo por 45 dias.
Viana disse que sua "primeira missão" será trabalhar para "pacificar" a Casa, informa nesta sexta-feira reportagem de Vera Magalhães, do "Painel" da Folha (íntegra só para assinantes da Folha ou do UOL).
Alan Marques/Folha imagem |
Renan se licencia da presidência do Senado após enfrentar cinco meses de denúncias |
Segundo a reportagem, Viana recebeu um telefonema de Renan uma hora e meia antes do anúncio oficial da licença de 45 dias do peemedebista. Ele teria ouvido de Renan que faria um gesto pelo "distensionamento" das relações no Senado.
A Folha informa que Viana disse que pretende reunir os líderes já no início da semana e que definirá procedimentos para a retomada dos "trabalhos legislativos".
Renan
Alvo de três processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, Renan disse em pronunciamento para a TV Senado que não precisa do cargo de presidente do Senado para se defender. "O poder é transitório, enquanto a honra é poder permanente que não sacrifico em nome de nada."
"Agindo assim, afasto de uma vez por todas o mais recente e injusto pretexto usado para tentar dar corpo à inconsistência das representações, enviadas sem qualquer indício ou prova ao Conselho de Ética do Senado Federal", disse o peemedebista em seu pronunciamento.
Ao anunciar seu licenciamento, ele fez questão de dizer que quer evitar constrangimentos como a sessão da última terça-feira, quando vários senadores pediram para ele deixar o cargo. "Com este meu gesto, que é unilateral, preservo a harmonia do Senado, deixo claro o meu respeito pelos interesses do país, e homenageio sem dúvida as altas responsabilidades das funções que exerço, contribuindo decisivamente para evitar a repetição dos constrangimentos ocorridos na sessão de 9 de outubro."
No pronunciamento, Renan voltou a reafirmar que é inocente e disse que vai enfrentar os processos "à luz do dia, com dignidade, sem subterfúgios". "Não lancei mão das prerrogativas de presidente do Senado em meu benefício ou contra quem quer que seja. A minha trincheira de luta sempre foi a inflexível certeza da inocência, a qual estou convicto, prevalecerá com a verdade, como aconteceu na minha absolvição."
Bom trânsito
Tião Viana é irmão de Jorge Viana (PT), ex-governador do Acre, e tem uma relação muito próxima com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os senadores, o petista também tem um bom trânsito, tanto na base aliada como na oposição.
Viana, 46, nasceu em Rio Branco (AC) em 9 de fevereiro de 1961 e em 1986 se formou em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Pará. Atualmente é especialista em doenças tropicais. Nos intervalos das votações no plenário do Senado, o petista costuma ler livros científicos sobre sua área.
No mês passado, ele admitiu que uma de suas assessoras --Silvania Gomes Timóteo-- trabalha no PT com o tesoureiro do partido, Paulo Ferreira.
Na ocasião, Viana disse que não havia irregularidade na contratação da funcionária --que recebe um salário de R$ 6.773,41 e mais auxílio alimentação de R$ 560 no Senado-- nem nas atividades que desempenha no PT.
O senador foi um dos responsáveis pela assinatura da medida provisória que autoriza pensão vitalícia, no valor de R$ 750,00, para as pessoas que foram confinadas em colônias.
Nos últimos dias da crise no Senado, o petista passou a defender o afastamento de Renan dizendo que o clima na Casa estava muito difícil e que qualquer negociação estava "impraticável".
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