Candidatos de esquerda do PT divergem sobre frente contra Berzoini
Os candidatos à presidência do PT que se dizem alinhados com as correntes de esquerda divergem sobre a proposta de criação de uma frente para derrotar Ricardo Berzoini, atual presidente da legenda, no segundo turno da eleição interna. Markus Sokol, da chapa Terra, Trabalho e Soberania, diz que a idéia de fazer uma frente contra a candidatura de Berzoini no segundo turno não é coerente.
16.set.2005/Folha |
Sokol diz que Tatto, Pomar, Cardozo e Berzoini são favoráveis ao governo de coalizão de Lula |
"Há três candidatos [Valter Pomar, Jilmar Tatto, José Eduardo Cardozo] que votaram no último congresso do PT uma resolução que apóia a coalizão do governo até 2010. O único voto contrário foi o meu. Não concordamos a coalizão que inclui partidos cuja promiscuidade passa a ser compartilhada pelo PT."
José Carlos Miranda --da chapa Operário e Socialista-- segue o mesmo raciocínio de Sokol e diz que não é favorável à "política de formar uma frente contra algo". "Não existe apoio automático. Se tiver segundo turno e eu não disputar, precisamos analisar as propostas dos candidatos e suas propostas para analisar qualquer tipo de apoio."
Divulgação |
Miranda diz que apoio do segundo turno não é automático e depende das propostas |
Sokol afirma não ter condições de dizer agora se aceitaria apoiar um outro candidato de esquerda no eventual segundo turno. "Oportunamente, conhecendo os nomes [de quem vai estar no segundo turno] e os compromissos assumidos durante a campanha, vamos decidir se apoiaremos alguém nessa situação."
A idéia de criar uma frente de esquerda contra a candidatura de Berzoini é defendida por Valter Pomar (Articulação de Esquerda), da chapa A Esperança é Vermelha, e conta com a simpatia de Jilmar Tatto --da ala PT de Lutas e de Massas (da chapa Partido é Pra Lutar).
Entre as críticas que unem Sokol e Miranda à atual direção do PT está o apoio ao governo de coalizão. "Somos contrários ao governo de coalizão. Nosso apoio não é automático. Vamos ver quem mais se aproxima de nossos ideais", afirmou Miranda.
Diferenças
Elza Fiúza/ABR |
Gilney Viana defende candidatura própria do PT em 2010, mas evita crítica à coalizão |
Gilney Viana, da chapa Militância Socialista, admite a possibilidade de integrar uma frente contra Berzoini num eventual segundo turno. "Eu, pessoalmente, penso que é preciso derrotar aquele que simboliza o antigo Campo Majoritário", diz ele se referindo a Berzoini.
No entanto, ele diverge de Sokol e Miranda nas críticas ao apoio do partido ao governo de coalizão. "Defendo a candidatura próprio. Mas dá para ter coalizão, sim."
Procurado pela reportagem, a assessoria de Berzoini informou que ele não comentaria as declarações de seus concorrentes na disputa pela presidência do PT. De acordo com seus assessores, Berzoini está preocupado com a campanha e com o primeiro turno e ainda não está pensando na segunda fase da disputa.
Eleição
A primeira fase da eleição está marcada para domingo (2). Os dirigentes do PT acreditam que a disputa pela direção nacional do partido tenha segundo turno. Nesse caso, uma nova votação deve ocorrer no dia 16.
"Nenhuma chapa vai ter mais de 50% [no primeiro turno] e estará garantida a realização do segundo turno na eleição nacional", disse o Secretário Nacional de Organização do PT, Romênio Pereira.
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