FHC defende investigação de Azeredo no mensalão tucano
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta quinta-feira a investigação do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no caso do "mensalão tucano". A Procuradoria-Geral da República já ofereceu denúncia contra o parlamentar e mais 15 pessoas supostamente envolvidas em um esquema de desvio de recursos públicos para a campanha de Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998.
Questionado durante a sabatina da Folha sobre o fato de o PSDB ter se omitido e não ter cobrado uma justificativa dos tucanos denunciados, o ex-presidente disse que o partido "não pode tapar o sol com a peneira" e, se alguém fez algo errado, será julgado pelo tribunal.
FHC disse que não se omitiu e ressaltou que o PSDB deveria ter sido mais "afirmativo" nas cobranças internas.
"Eu fui absolutamente claro. Eu acho que o PSDB deveria ter sido mais afirmativo. Agora está no tribunal [STF]. Todo mundo sabe que o Eduardo Azeredo é um homem bom, direito e decente. E se fez alguma coisa errada, está no tribunal. Nós não temos que tapar o sol com a peneira. E se foi errado, pode ter sido, é condenar", afirmou.
Segundo o ex-presidente, a atitude do PSDB não pode ser comparada com o comportamento do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passaram a mão na cabeça dos "aloprados" --os denunciados no mensalão petista.
"A atitude do governo foi outra: até agora passa a mão na cabeça. São aloprados, coitadinhos. Usaram o dinheiro só para a campanha. [...] Eu não me omiti", argumentou FHC, ao ressaltar que o comportamento adequado do PSDB na época das primeiras denúncias seria tirar o Azeredo da presidência do partido para que ele se justificasse.
Por duas horas, FHC foi sabatinado hoje pelos colunistas da Folha Eliane Cantanhêde, Vinicius Torres Freire e Luiz Carlos Mendonça de Barros (ex-ministro das Comunicações de FHC) e Josias de Souza (da Sucursal de Brasília e do blog "Nos Bastidores do Poder"). A platéia do Teatro Folha, onde aconteceu a sabatina, também fez perguntas.
Durante a sabatina, o ex-presidente criticou o que chamou de relação quase "imperialista" entre Lula e os parlamentares. Segundo ele, essa política alimenta o chamado do "toma-lá-dá-cá".
"Aqui se chegou a um ponto do fluxo contínuo do toma-lá-dá-cá. E isso tem que acabar", disse.
Veja abaixo alguns temas da sabatina com FHC:
CPMF
Ele disse que o atual governo foi intransigente na negociação da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). "Foram várias tentativas de resolver de forma racional (...) O governo foi intransigente de achar que levaria pela força, e não conseguiram até agora. Não houve nenhum espaço real de negociação com o PSDB", disse. Ele negou que seja irresponsabilidade do PSDB ser contra um tributo que tirará R$ 40 bilhões anuais dos cofres públicos. "Não sei se seria irresponsável pelo equilíbrio.(...) Que há um excesso [de arrecadação], há." FHC ainda reiterou que não dá para comparar a conjuntura do país quando ele criou o "imposto do cheque" com a atual.
COMPRA DE VOTOS PARA A REELEIÇÃO
FHC negou participar de um suposto esquema de compra de votos de parlamentares para aprovar a emenda da reeleição, em 1997. Ele afirmou, durante sabatina da Folha, que o Planalto tinha "maioria tranqüila" no Congresso e não precisava se valer desse tipo de esquema. "O Senado votou [a reeleição] em junho [de 1997] e 80% aprovou. Que compra de voto?", rebateu ele hoje durante a sabatina.
PSDB X ELEIÇÕES DE 2010
"Temos excesso de bons candidatos. Os dados [das pesquisas, que dão preferência a Serra] estão aí, mas podem mudar", disse sobre uma eventual disputa entre o governador José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG).
PERFIL PARA SER PRESIDENTE
"Tem que fazer alguma coisa que marque. Tem que, no decorrer de sua história, fazer alguma coisa que seja transmissível à população e que a população sempre esteja de acordo. (...) A mídia tem que estar sublinhando que você é um bom administrador, que é inovador."
VENEZUELA NO MERCOSUL
"Não é uma adesão de coração. É uma negociação comercial. [...] Não se faz um bloco de países na base da ideologia."
TV PÚBLICA
"Esse terá um teste de maturidade para o Brasil. Eu não teria feito [a TV pública]."
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