Prisão de Arruda foi negociada durante toda a tarde entre assessores e a PF
A inédita prisão de José Roberto Arruda (sem partido) foi negociada durante toda a tarde de ontem entre assessores pessoais do governador e a cúpula da Polícia Federal. Assim que saiu a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Arruda pediu a seu secretário de Segurança Pública, Valmir Lemos, um policial federal licenciado, que intermediasse com a PF a sua chegada ao órgão.
Lemos contatou então o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, que designou a Diretoria Técnico-Científica do INC (Instituto Nacional de Criminalística) como local indicado. Corrêa também ofereceu como local para Arruda se apresentar a sede da PF --ele recusou.
Se Arruda não se entregasse espontaneamente, a PF iria prendê-lo na residência oficial.
No começo da tarde, quando foi divulgada a prisão preventiva de Arruda expedida pelo ministro Fernando Gonçalves, e antes de o STJ referendá-la, equipes da PF já estavam monitorando o governador.
Arruda se entregou pouco antes das 18h. Ele chegou à Superintendência da PF no Distrito Federal num comboio formado por pelo menos seis carros, acompanhado de advogados, assessores, da mulher, Flávia, de secretários e policiais.
Arruda foi encaminhado para o gabinete da diretoria, local designado por ser compatível com a chamada "sala de Estado-Maior", área reservada (em quartéis ou forças policiais) a autoridades em caso de prisão. Corrêa o acompanhava.
Segundo o assessor de imprensa do governador, André Duda, ele recebeu a prisão com "serenidade". Um diretor da PF afirmou à Folha que ele estava sério, mas tranquilo.
A situação de Arruda se agravou na semana passada, quando ele foi acusado de tentar subornar uma testemunha do inquérito da Caixa de Pandora. Só depois dessa denúncia foi que o governador decidiu contratar um advogado criminalista, Nélio Machado, justamente pelo temor de ser preso.
Do lado de fora da superintendência, dezenas de carros buzinavam, comemorando a prisão de Arruda. Estudantes também estavam no prédio, gritando "Arruda ladrão!". Um grupo de apoiadores do governador pedia sua permanência. A polícia reforçou a segurança.
No início da noite, a Polícia Federal recebeu os mandados de prisão do governador e dos outros quatro envolvidos no suborno. Segundo a PF, os advogados dos demais informaram que eles também iriam se apresentar espontaneamente. Até a conclusão desta edição, só Arruda e seu sobrinho, Rodrigo Arantes, tinham se apresentado à PF.
Arte/Folha | ||
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