CNBB diz que posição de nova ministra sobre aborto 'incomodou'
A posição favorável da ministra Eleonora Menicucci (Mulheres) sobre a descriminalização do aborto "incomodou muita gente", nas palavras de dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Em coletiva nesta quinta-feira (16), a entidade informou que vai enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff para falar sobre a indicação da nova ministra, mas evitou engrossar o coro contra o governo.
"[O posicionamento de Menicucci] incomodou muita gente, não só a CNBB. Mas faço distinção, ela fez um pronunciamento pessoal, depois disse que não era a posição do governo. Gostaríamos de reafirmar que a questão do aborto não pode ser entendida como questão ideológica. Nós colocamos com o sentido de vida humana."
Ao dizer que a discussão sobre o aborto não pode ser uma "questão ideológica", dom Leonardo se aproximou do discurso de Menicucci ao ser oficializada no cargo. Com a diferença que a ministra afirmou se tratar de uma questão de saúde pública.
"O aborto, como sanitarista, tenho que dizer, ele é uma questão de saúde pública, não é uma questão ideológica. Como o crack, as drogas, a dengue, o HIV, todas as doenças infectocontagiosas", disse a ministra na semana passada.
"A presidenta é livre para escolher seus ministros, de modo que não interferimos na escolha dos ministros. É claro que estranha, logo logo iniciado seu trabalho no ministério [a ministra] já abordar uma questão que sabemos que é muito discutida na sociedade. E há outros temas, evidentemente, mais importantes a serem tratados", afirmou dom Raymundo Damasceno, presidente da entidade.
A presidência da CNBB não quis detalhar o conteúdo da carta à presidente e afirmou que não pode reclamar da relação com o governo Dilma.
Na coletiva, a CNBB foi questionada sobre outro tema polêmico da semana: a campanha do Ministério da Saúde para o Carnaval contra a Aids. Dom Damasceno deixou claro que a entidade "evidentemente é contra" a distribuição de camisinhas.
FICHA LIMPA
A eventual decisão favorável da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa foi considerada pela CNBB como um "presente à sociedade" e como um caminho para que "os políticos sejam realmente representantes do povo".
Dom Leonardo, porém, declarou que é preciso levar ao final as investigações sobre políticos destituídos de cargos no Executivo após denúncias de irregularidades. "Não basta denunciar e o ministro cair, uma sociedade madura pede que seu processo chegue ao seu fim, o que não tem acontecido de forma suficiente. Todos nós gostaríamos de que todo esse levantamento de corrupção chegasse até o fim."
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