Operação da PF combate garimpo ilegal em terra indígena em Roraima
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal em Roraima deflagraram na manhã desta sexta-feira (13) uma operação para combater o garimpo ilegal de ouro na terra indígena Ianomâmi, em Roraima. Mais de 200 homens trabalharam na operação.
Até o final desta tarde, 26 dos 33 mandados de prisão temporária previstos haviam sido cumpridos, e seis aviões, apreendidos em fazendas e pistas de voo clandestinas na região de Boa Vista.
"Vimos que a espinha dorsal do garimpo são os aviões e os pilotos, contratados por pessoas que investem dinheiro nessa atividade. Sem o avião é impossível a continuidade da atividade garimpeira em área ianomâmi", disse o superintendente da PF em Roraima, Alexandre Silva Saraiva.
Foram também apreendidos seis quilos de ouro (estimados em mais de R$ 600 mil), R$ 200 mil em dinheiro, armas e maquinário usado no garimpo.
Dos suspeitos presos, 24 foram encontrados nas cidades de Boa Vista, Caracaraí, Caroebe e Mucajaí, em Roraima, e dois pilotos foram presos em Campo Grande (MS) e em Manaus (AM).
As prisões não ocorreram dentro dos garimpos, segundo o delegado, "porque o objetivo não era atingir os trabalhadores braçais, mas sim os empresários do ramo".
Dez pilotos investigados --dos quais seis foram presos hoje-- tiveram sua licença de voo cassada pela Justiça, segundo Saraiva. Alguns eram donos das próprias aeronaves.
A PF não divulgou o nome de todos os detidos, mas, segundo Saraiva, a maioria é reincidente em crimes --alguns têm ligações com traficantes e um deles foi condenado em 2009 a um ano e dois meses de prisão por ocultação de cadáver, por envolvimento em uma chacina contra índios.
O delegado disse que os suspeitos têm advogados constituídos, mas não informou quem são.
De acordo com a PF, as investigações identificaram cinco grupos criminosos que mantêm garimpos ilegais na área. Os grupos são formados por aviadores, empresários ligados ao ramo de joalheria e donos de balsas e motores para a extração de ouro.
A PF tem autorização judicial para cumprir 44 mandados de busca e apreensão no Estado e apreender 11 aviões e 12 veículos.
XAWARA
A operação foi batizada de Xawara. Segundo a PF, o termo é usado por índios para designar a palavra "epidemia" e definir doenças causadas pela fumaça resultante do processo de precipitação do ouro pela queima de mercúrio.
Operações semelhantes são realizadas na terra indígena Ianomâmi desde 2009, mas a atividade ilegal na região permanece.
"De seis meses para cá, fizemos quatro operações em área ianomâmi. Explodimos balsas, prendemos garimpeiros --esses, sim, trabalhadores braçais. Mas esse é um tipo de operação difícil, por causa do acesso, e o resultado é bastante insatisfatório, porque, logo em seguida, tornavam a entrar outras pessoas, com outro maquinário, para continuar a retirada do ouro", disse Saraiva.
Além de causar "prejuízo ambiental imensurável", de acordo com a PF, os garimpeiros transmitem doenças aos ianomâmis, comunidade recém-contatada e que ainda mantém indígenas isolados. Há registros de tuberculose e Aids entre os indígenas, segundo o delegado.
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