Moradores de Guaratiba lamentam mudança de eventos da Jornada para Copacabana
Em Guaratiba, bairro da zona oeste do Rio, o clima entre moradores e comerciantes é de consternação após o cancelamento dos eventos da Jornada Mundial da Juventude que estavam previstos para ocorrer na região no fim de semana.
Já em Copacabana, na zona sul, comerciantes comemoraram a mudança diante da perspectiva de faturar ainda mais. Restaurantes e lanchonetes tiveram filas nas portas nos últimos dias, quando ocorreram outros eventos da jornada.
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As tradicionalmente lotadas ruas de Copacabana estão apinhadas de gente desde quinta-feira. Caminhar pelas calçadas estreitas das ruas internas do bairro é tarefa quase impossível diante da multidão de peregrinos que se desloca de mãos dadas.
Mesmo assim, a maioria dos moradores de Copacabana com quem a Folha conversou está deslumbrada com a passagem do encontro católico pelo Rio de Janeiro.
"É uma maravilha tudo isso", resume Zeni Mamede, que mora ao lado da estação Cardeal Arcoverde do metrô. O que agrada dona Zeni e muitos outros moradores de Copacabana, bairro que tem alta concentração de idosos, é o comportamento dos milhares de jovens.
Os grupos cantam e dançam, além de ovacionar sempre a figura do santo padre. As ruas estão limpas para a quantidade de gente que circula nelas. Como não existe arruaça, a visita dos jovens é aprovada pela maioria.
A impaciência de alguns moradores aparece à noite, após as cerimônias na orla. Muitos ficam ilhados devido ao bloqueio de ruas e descontam na buzina de seus carros.
Também há reclamações sobre a mudança de última hora.
"Foi um erro de planejamento da prefeitura. Se eles disseram que era um plano B, esse plano B deveria ter sido divulgado", afirma o presidente da Associação de Moradores de Copacabana, Horácio Magalhães.
CAMPUS FIDEI
Construído em uma área de terra, que precisou passar por terraplanagem e diversas obras para receber os estimados 1,5 milhão de peregrinos, o Campus Fidei, em Guaratiba, não aguentou as chuvas que atingiram o Rio no início da semana.
Desolada e com a frente de seu bar coberta de barro, a comerciante Leda da Costa, 57, conta que fez um empréstimo de R$ 2.000 para equipar seu estabelecimento.
A maior perda foi na compra de gelo, já que seu bar não dispõe de frigorífico. A contratação de um caminhão do produto lhe trouxe um prejuízo de R$ 1.200. "O caminhão traria 300 sacos de gelo. O fornecedor não aceitou devolver meu dinheiro."
Segundo os moradores, a insatisfação com o poder público começou antes mesmo do anúncio da transferência do evento. Quem mora no entorno do Campus Fidei alega que as obras de terraplanagem fizeram com que as suas casas fossem invadidas por barro sempre que chove.
A reportagem visitou casas inundadas na rua do Barro Preto, atrás do Campus Fidei. A via é perpendicular à estrada Capoeira Grande, asfaltada especialmente para o evento e que serviu como via de acesso para os caminhões durante as obras.
Segundo moradores, antes das intervenções, a chuva escoava para um rio próximo e para um mangue, evitando que as casas, que não têm saneamento básico, enchessem.
"Agora está essa situação que você está vendo", disse a moradora Tatiane Fraga de Carvalho, 27, apontando para o quintal encharcado, onde seus três filhos brincavam descalços.
"A gente achou que com as obras no campo, eles [as autoridades] iriam dar uma atenção maior ao bairro, mas nada foi feito e pelo jeito nada será."
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